1- S01.H03 Leia o texto a seguir.
Quase não existe taquara no mato
Dizem que Anhã, irmão de Nhanderu, queria ter uma companheira e se interessou por uma das filhas de Nhanderu, a linda Takuá. Anhã pediu ao seu irmão que a sobrinha o pudesse acompanhar pelo mundo. Nhanderu aprovou, mas disse que ela jamais poderia entrar na água. Poderia até se molhar, mas nunca mergulhar. Anhã ficou muito feliz e Takuá o acompanhava em todos os lugares. Teve um dia em que eles foram até uma cachoeira. Anhã
mergulhou na água e ela ficou olhando. Então ele a convidou para entrar, mas ela não quis por causa da recomendação do pai. Porém, Anhã não acreditou que haveria problema e a puxou pelo braço. Ele disse que o irmão implicava com tudo que é gostoso, por isso a havia proibido. Takuá pediu então que Anhã não a soltasse. Ela estava gostando muito! Mas ele acabou soltando seu braço para que ela experimentasse mergulhar no rio. Não vendo mais a moça, Anhã tentou puxá-la novamente pelo braço e tirou da água um cesto. Ele começou a gritar por ela, mas só havia o cesto, que começou a se desfazer.
Depois, Anhã foi até o irmão com o cesto desfeito na mão. Disse que Takuá tinha desaparecido e ficou apenas aquela palha. Nhanderu pediu a palha e trançou de novo o balaio. Fez balainho bem bonitinho de novo e encostou de lado. Disse então a Anhã que agora Takuá não iria mais com ele, pois ela não lhe servia de companheira. Anhã disse que não queria mais aquela mulher porque ela era de palha e era muito complicada. Então Nhanderu disse à Takuá que ela ensinaria as mulheres como ser bela e fazer coisas bonitas. Takuá até hoje vive num lugar de Nhanderu amba, a morada celestial. Chamam Takuá as mulheres de quem o nhe’e, o espírito, vem desse lugar. Elas são muito vaidosas, Takuakypy’y, as irmãs mais novas de Takuá.
Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/%22Quase_n%C3%A3o_tem_mais_taquara_no_mato%22. Acesso em 18/07/2022
Segundo a recomendação de Nhanderu, Takuá deveria
A) jamais se soltar de Anhã..
B) acompanhar Anhã pelo mundo.
C) ensinar as mulheres como ser bela.
D) viver na morada celestial.
E) jamais mergulhar na água.
2- S02.H11 Leia o texto a seguir.
Flores - Titãs
Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem
(...)
Disponível em: https://www.letras.mus.br/titas/48974/. Acesso em: 06 de set. de 2022.
Pode-se inferir que o eu-lírico está
A) vaidoso. B) esperançoso. C) alegre. D) superficial. E) triste.
3- S03.H04 Leia o texto a seguir.
O ditado popular “amigo da onça”, no contexto do primeiro quadrinho, significa que
A) Dinho foi falso com seu amigo.
B) Dinho é amigo de uma onça pintada.
C) o menino presenteou Dinho.
D) eles são inseparáveis.
E) Dinho não sabe jogar bola direito.
4- S04.H06 Leia o texto a seguir.
Podemos dizer que Miguelito está
A) triste. B) admirado. C) aflito. D) preocupado. E) acomodado.
5- S05.H06 Leia o texto a seguir.
Fone de ouvido no trabalho... Pode ou Não pode?
Esse é um assunto simples, porém, muito polêmico em alguns ambientes de trabalho. Antes de começar a falar do ambiente de trabalho, quero relatar uma cena que vi em uma famosa cafeteria de São Paulo.
Era um domingo cedo e após realizar alguns exames fui à essa cafeteria, comprei um café e fui me acomodar no mezanino da loja. Ao sentar, percebi que ao meu redor estavam vários estudantes universitários nas outras mesas, alguns sozinhos e outros em grupos. Em suas mesas laptops e apostilas empilhadas, todos focados em seus estudos e muito concentrados no que estavam fazendo.
Foi quando eu vi que TODOS estavam com seus fones de ouvido conectados aos seus smartphones ou laptop.
Com certeza estavam escutando a sua playlist favorita para estudo, guardem essa cena para depois. Em algumas empresas está escrito em seus regulamentos internos que é expressamente proibido trabalhar com fones de ouvidos e já ouvi falar em pessoas que foram advertidas por isso.
Acredito que estamos vivendo um problema de conflito de gerações, pois, as gerações mais antigas foram educadas de que não podiam ouvir música ao trabalhar, pois isso tiraria a concentração nas atividades.
Porém, as novas gerações estão crescendo com o fone de ouvido praticamente embutido em seus ouvidos para fazerem de tudo, comer, estudar, brincar, passear, etc...
Agora olhem as pessoas que correm nos parques, ali naquele momento só delas, a grande maioria está
com o seu fone de ouvido, escutando aquela playlist que motiva e dá força para o seu treino.
Opa!!! Que motiva e dá força no seu treino???
Será que essa playlist da motivação só funciona para o treino físico? Será que ela não pode ser utilizada
no treino mental? Será que ela não pode ser utilizada naquele relatório mega blaster que você precisa fazertotalmente concentrado?
Vou relatar uma experiência que tive no gerenciamento de uma equipe operacional e outra de Business Intelligence. Ao assumir essas equipes, percebi que todos estavam com seus fones de ouvido nas mesas, afinal, eu não tinha costume de utilizar os fones para trabalhar.
Fiquei curioso com esse cenário, porém, antes de falar alguma coisa, passei a prestar atenção nas pessoas quando estavam utilizando os fones e quando não estavam. O ambiente de trabalho era muito amplo e com aqueles layouts de mesão, com muito ruído e pessoas andando.
Percebi que quando não estavam com os fones, se distraiam e falavam mais entre si, desta forma, exigindo um pouco mais de gestão para que o momento de distração não ultrapassasse o limite do bom, pois, eu sou totalmente a favor de ter esses momentos de distração e relaxamento durante o dia.
Porém, quando estavam com os fones de ouvido, naquela playlist da motivação e força, ficavam focados com a entrega, não se distraiam, conseguiam encontrar fórmulas e resolver problemas com muito mais rapidez e com o mínimo de erros, desta forma, também exigindo um pouco mais de gestão para que as pessoas não passassem do tempo e ficassem sem um momento de distração e relaxamento.
Um certo dia, precisava realizar um relatório e o ambiente estava com muito ruído, não tive dúvida, peguei o meu fone de ouvido e coloquei numa música bem baixa, mas que era suficiente para isolar o ruído externo. Resultado? Foi excelente, consegui me concentrar no relatório e elaborar da forma que eu desejava, a experiência foi comprovada, o fone de ouvido é bom!!!
Guardaram aquele cenário do começo? Dos estudantes universitários? Então, eles são produtivos desta forma, eles aprenderam a dividir o cérebro da música, do estudo e do trabalho. Provavelmente, muitos deles sem o fone de ouvido, poderão ser improdutivos em suas atividades e consequentemente serem advertidos por baixos resultados.
O que precisa tomar cuidado é que o relacionamento interpessoal no ambiente diminua, com as pessoas
se isolando em seus fones de ouvido.
Para vocês que podem fazer a diferença, tenho certeza de que podem conseguir flexibilizar o uso dos fones nas empresas, é claro que sem exageros e que também o volume não chegue a incomodar a pessoa que está ao lado. E também não liberar em atividades de risco. O que proponho aqui é para o pessoal interno, que fica ali em suas estações de trabalho em atividades de concentração.
Espero que o post crie a possibilidade de análise, bom trabalho com ou sem o fone de ouvido!!!!
Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/fone-de-ouvido-trabalho-pode-ou-n%C3%A3o-alexandre-horimi. Acesso em: 13 de out. de 2022.
O tema principal desse texto é sobre
A) os assuntos polêmicos em ambientes de trabalho.
B) os estudantes universitários terem mudado sua forma de estudar.
C) as playlist preferidas que os estudantes universitários ouvem para estudar.
D) a relação entre o fone de ouvido e a concentração nos estudos e trabalho.
E) a diminuição do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho e estudo devido ao uso de fones.
6- S06.H04 Leia o texto a seguir.
Opinião: Whindersson Nunes colocou Popó onde merece
Tetracampeão do mundo e humorista, fenômeno da internet, duelaram na noite de domingo em luta exibição Popó não tinha mais nada a provar para ninguém. Tetracampeão do mundo com um card de 41 vitórias (34 nocautes) em 43 lutas, o baiano foi por muitos anos o maior nome da modalidade no Brasil. Tudo isso aconteceu fora dos tempos áureos das redes sociais, terreno que seu adversário do duelo da noite deste domingo domina com maestria.
E foi aí que Whindersson colocou Popó onde merece: no lugar de estrela. O ex-boxeador pôde ser visto em inúmeros jornais, sites, na TV, nas redes sociais, e angariou com isso, postando publicidades para uma marca de colchões, por exemplo. O marketing era perfeito: 'dormi uma noite de sono tranquila, estou pronto para lutar contra o Whindersson Nunes'.
Acelino, que tinha cerca de 600 mil seguidores no Instagram, já bateu, até a tarde desta segunda-feira, 2,3 milhões - e contando.
Whindersson, que está entre os Youtubers mais seguidos do mundo e tem mais de 56 milhões de seguidores só no Instagram, decidiu furar a própria bolha e se arriscar no boxe, esporte que o ajudou no tratamento da depressão, com chances de passar vergonha mundial. E não passou. Foi guerreiro. Ao fim da luta disse não se arrepender e no Twitter brincou que agora quer ser piloto da Fórmula 1. Vai que...
Já Popó furou também a própria bolha e pôde ser conhecido de perto por uma geração que não o viu lutar e que é especialista em gerar engajamento via redes sociais. Um marketing perfeito para o boxeador que, como dito acima, não precisava provar nada a ninguém, mas precisava e merecia ser lembrado.
Em uma sociedade em que o povo não tem o costume de exaltar e cuidar com carinho de suas referências e exaltar seus feitos, Whindersson conseguiu, através de sua visibilidade, dar essa oportunidade de um ídolo do esporte nacional ser homenageado como merece. Isso é muito mais do que esporte.
Disponível em: https://www.lance.com.br/fora-de-campo/opiniao-whindersson-nunes-colocou-popo-onde-merece.html. Acesso em: 07 de set. de 2022.
Há uma opinião explícita em:
A) “Isso é muito mais do que esporte.” (4o parágrafo).
B) “Tetracampeão do mundo com um card de 41 vitórias (34 nocautes) em 43 lutas” (2o parágrafo).
C) “O ex-boxeador pôde ser visto em inúmeros jornais, sites, na TV, nas redes sociais” (3o parágrafo).
D) “Ao fim da luta disse não se arrepender ” (5o parágrafo).
E) “Whindersson conseguiu, através de sua visibilidade, dar essa oportunidade” (4o parágrafo).
7- S07.H07 Leia o texto a seguir.
Chocolate faz bem para a saúde?
Quando o assunto é chocolate, até conhecer um pouco de sua história e alguns de seus efeitos em nosso organismo é divertido. Mas o que para alguns é um prazer incontrolável, para outros se constitui em uma tentação, principalmente para os que querem emagrecer.
A árvore que dá origem ao cacau é o cacaueiro que tem como nome científico Theobroma cacau, cujo nome Theobroma significa bebida dos deuses. O cacaueiro é uma árvore nativa da América Central e do Sul, que necessita de condições especiais para produzir. Só para exemplificar, as árvores produtoras de cacau são muito sensíveis às variações climáticas e principalmente às doenças. Sua altura não costuma ultrapassar os 10 metros e caso as condições sejam favoráveis, em apenas 5 anos se inicia sua produção, podendo viver até quase 50 anos. A polinização de suas flores é realizada por morcegos!
O Brasil já foi um dos grandes produtores mundiais de cacau, contribuindo na época com mais de 30% da produção mundial. Entretanto, problemas relacionados aos custos de produção local e à falta de organização dos produtores cacaueiros contribuíram para a retração desse setor produtivo, representando hoje apenas 4% da produção mundial.
A história do cacau é muito antiga, visto que povos pré-colombianos já utilizavam suas sementes para fazer uma bebida usada em rituais religiosos e alguns a empregavam como moeda. Cristovão Colombo, em uma de suas várias incursões pelo continente, foi o primeiro europeu a tomar conhecimento do chocolate, mas o sucesso do chocolate na Europa só veio a ocorrer em anos posteriores. Inicialmente, a bebida, por ser amarga e oleosa, não era adequada ao gosto europeu, somente com a substituição de alguns produtos, como a pimenta pelo açúcar, por exemplo, foi que se permitiu uma maior aceitação da bebida."
Com a popularidade, logo outros países europeus começaram a produzir o cacau em suas colônias, contribuindo para a diminuição dos preços, que eram altíssimos! Desta forma, a bebida que antes era exclusiva dos reis e pessoas afortunadas, aos poucos foi se popularizando. A substituição da água por leite também contribuiu significativamente para melhorar ainda mais o sabor da bebida. A partir do aumento do consumo e do desenvolvimento de novas e modernas técnicas de produção e processamento, o chocolate passou a ser consumido em tabletes e evoluiu até a forma que conhecemos atualmente.
Em relação aos efeitos do chocolate em nosso organismo, não existem estudos conclusivos sobre como as substâncias presentes neste alimento agem em nosso sistema nervoso, entretanto, alguns estudos já realizados conseguiram desmistificar a ideia que o chocolate estaria relacionado ao aparecimento da acne e de inflamações cutâneas. Assim, o grande problema em relação ao consumo do chocolate se refere ao excesso de gordura hidrogenada acrescentada durante sua fabricação, que é prejudicial.
FERREIRA, Fabrício Alves. "Chocolate faz bem para a saúde?" Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/chocolate.htm. Acesso em 07 de outubro de 2022.
A ideia principal desse texto é
A) o preço do chocolate.
B) a árvore que dá origem ao chocolate.
C) a produção de chocolate no Brasil.
D) a popularidade do chocolate na Europa.
E) a descrição sobre aspectos do chocolate.
8- S09.H01 Leia o texto a seguir.
A estrela de Natal
Era a noite de Natal. Os três andavam pela estrada vazia. O pai, a mãe e a filha. Caminhavam sem rumo, de mãos dadas. [...] O pai punha a menina na garupa e a mãe cantava uma melodia antiga que falava sobre a estrela de Natal. A menina quis a estrela como presente de Natal. O pai falou que ela podia pedir ao vento, já que eram amigos. Ele sempre aparecia nessas andanças e a menina se distraía do cansaço das pernas conversando com o vento, que respondia de pronto e animava a menina a continuar. — Sua casa fica logo ali, sua casa está logo ali — soprava ele. Ou quem sabe pedir ao céu, continuou o pai. O céu tem muitas estrelas e pode lhe dar uma de presente. Logo em frente viram um casebre simples. A chaminé soltava fumaça. Resolveram parar, quem sabe um copo de água. — Sejam bem-vindos, sejam bem-vindos — exclamou a mulher da casa. O homem da casa ofereceu um banco para os três e o bebê, que brincava no chão de terra batida, sorriu e estendeu os braços para a menina.
Ela abaixou-se e passou a mão na cabeça careca do bebê. Ele era lindo, tinha bochechas gordas e ria. A menina acarinhou o bebê que se deitou no colo dela. Um tempinho só, mas tão confortante. Uma eternidade. Os três cearam com os outros três. Comeram raízes brancas, frutos vermelhos, sementes marrons, pão quentinho, e beberam chá de ervas perfumadas. Despediram-se desejando feliz Natal e tomaram a caminhar. Logo adiante, a mãe lembrou-se de um bichinho de pano que fizera para a filha, quando tinha a idade do bebê. Carregava o objeto na trouxa. Voltaram para entregar o presente à criança, mas a casa não estava mais lá. Nenhum vestígio do fogo, nenhum vestígio dos três. No chão batido a menina reconheceu a marca da mãozinha do bebê e ao lado dela uma estrela brilhante, a mais linda que ela já viu.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/estrela-natal-646955.shtml>. Acesso em 24 set 2014.
Esse texto é
A) um conto. B) um diário. C) uma biografia. D) uma entrevista.
9- S09.H06 Leia o texto a seguir.
Pode-se dizer que esse texto é um
A) infográfico sobre o combate ao mosquito transmissor da dengue.
B) fotografia sobre o combate ao mosquito transmissor da dengue.
C) aviso sobre os dias que acontecerão o combate à dengue.
D) bilhete sobre a campanha de combate à dengue.
E) campanha publicitária sobre o combate à dengue.
10- S10.H05 Leia o texto a seguir.
O propósito principal deste texto é
A) narrar como criar e manter um grupo de whatsapp.
B) instruir como as pessoas devem usar os grupos whatsapp.
C) descrever os assuntos pertinentes aos grupos de whatsapp.
D) argumentar que não se deve enviar notícias no whatsapp sem conferir as fontes.
E) ensinar que não se deve evitar assuntos polêmicos em grupos de whatsapp.
11- S11.H06 Leia o texto a seguir.
Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera. O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias. Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina, com o focinho sempre voltado para aquela direção.
Lygia Fagundes Telles A Disciplina do Amor. Disponível em: https://www.pensador.com/lygia_fagundes_telles_textos/. Acesso em: 03 de out. de 2022.
O texto é narrado por
A) alguém que não participa da história, mas sabe de tudo que acontece.
B) um cachorro que participa da história de uma maneira secundária.
C) um jovem que participa da história de uma maneira protagonista.
D) alguém que não participa da história e nem tem acesso a todas as informações.
E) um jovem que participa da história de uma maneira secundária.
12- S12.H05 Leia os textos a seguir.
Texto I
Assim como Guga no tênis, espero que atletas como Gabriel Medina e Arthur Zanetti, um dos grandes ginastas brasileiros, recebam de nosso país pelo menos 1% da atenção que recebe um jogador de futebol. E que, assim, sirvam de inspiração para que outras crianças deem continuidade ao esporte. Parabéns, Gabriel Medina!
Moisés Moricochi Morato, servidor público (Pacaraima, RR)
Texto II
No caleidoscópio da realidade brasileira, um acontecimento auspicioso aflora. Trata-se da vitória do jovem Gabriel Medina no Campeonato Mundial de Surfe. Que sua disciplina e obstinação sirvam de estímulo para que outros jovens tenham êxitos em suas atividades, que possamos caminhar para a grande nação que tanto almejamos e temos condições de ser. Viva a juventude brasileira.
José de Anchieta Nobre de Almeida (Rio de Janeiro, RJ)
Em relação à vitória do surfista Gabriel Medina, esses dois textos
A) apresentam observações irônicas.
B) expõem comentários semelhantes.
C) mostram opiniões contrárias.
D) usam argumentos inconsistentes.
13- S12.H09 Leia os textos a seguir.
Comparando-se essas duas opiniões, pode-se afirmar que os dois textos
A) revelam que os aumentos exagerados da conta de luz são insignificantes para a vida do consumidor.
B) evidenciam que o aumento excessivo na conta de luz já é esperado pelo consumidor.
C) comparam o aumento abusivo da conta de luz a um constante assalto ao consumidor.
D) demonstram que os seguidos aumentos na conta de luz afetam a segurança do consumidor.
E) indicam que o aumento da conta de luz impacta financeiramente a vida do consumidor.
14- S13.H06 Leia o texto a seguir.
Texto I
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/reinaldo/receita-de-ano-novo-8211-carlos-drummond-de-andrade/#:~:text=Receita%20de%20ano%20novo%20Para,%2Dser%3B%20novo%20%5B%E2%80%A6%5D. Acesso em: 30/09/2022.
Texto II
ANO NOVO, ME SURPREENDA! - Martha Medeiros
As melhores coisas do ano sempre foram
aquelas que eu não previ.
Ano-Novo é uma convenção. Os dias correm em sequência. De 31 de dezembro para 1o de janeiro ocorrerá apenas mais uma sucessão de 24 horas em que nada mudará, tudo seguirá do mesmo jeito. Pois é, sei disso, mas é um ponto de vista sem nenhuma alegria. Sou das que compram o pacote de Ano-Novo com tudo que ele traz em seu imaginário: balanço de vida, reafirmação de votos, desejos manifestos e esperança de uma etapa promissora pela frente.
Faço lista de projetos e tudo mais. Só que, quando chega o fim do ano e avalio o que consegui cumprir, descubro que o inesperado superou de longe o esperado. As melhores coisas do ano sempre foram aquelas que eu não previ. Então tomei uma decisão: nessa virada, não vou planejar coisa alguma e aguardar as resoluções que novo ano tomará para mim, à minha revelia.
Mas poderia dar algumas sugestões?
Ano Novo, anote aí: que as coisas mudem, mas não alterem meu estado de espírito. Não deixe que eu me torne uma pessoa ranzinza, mal-humorada, desconfiada, sem tolerância para as diferenças. Aconteça o que acontecer, que eu me mantenha aberta, leve e consciente de que tudo é provisório.
Não quero mais. Quero menos. Menos preocupações, menos culpa, menos racionalismo. Pode cortar os extras. Mantenha apenas o estritamente necessário para me manter atenta.
Está anotando?
Espero que você esteja com ótimos planos para sua amiga aqui. Lançarei livro novo? Permita que eu seja abusada: dois. Sendo que nenhuma coletânea de crônicas, nem romance. Me ajude a variar.
Que lugares conhecerei que ainda não conheço? Que pessoas entrarão na minha vida que, quando cruzo com elas na rua, ainda não as identifico? Que boas notícias ouvirei das minhas filhas? Quantos shows terei o prazer de assistir? Estou curiosa para saber o que você está aprontando para incrementar os meses que virão.
Prometo que estarei preparada para receber o abraço afetuoso de quem antes me esnobava, para a frustração por tudo o que for cancelado, para voltar atrás nas minhas teimosias, para me dedicar a algo que nunca fiz antes.
Estarei disposta a tirar de letra os espíritos de porco e assumir a responsabilidade pelas asneiras que eu mesma cometer. E estarei pronta também para uma grande surpresa, ou até duas. Três, meu coração não aguenta.
Se a dor me alcançar, que me encontre com energia e sabedoria para enfrentá-la. Que eu não me torne dura diante dos horrores, nem sentimentaloide diante das emoções. Ano Novo, os acontecimentos são da sua alçada. Da minha, cabe recepcioná-los com categoria.
Quais são seus planos para mim, afinal? Talvez nem todos sejam do meu agrado, portanto, que eu não tenha constrangimento em dizer “não, obrigada”, caso seja preciso. Mas que eu me sinta mais predisposta para o sim.
Se estamos de acordo, pode vir.
Disponível em: https://www.cultcarioca.com.br/2012/12/martha-medeiros-ano-novo-me-surpreenda.html. Acesso em: 30/09/2022.
Sobre os dois textos, é possível afirmar que
A) os dois textos são semelhantes quanto ao gênero.
B) os dois textos são estruturados em forma de verso.
C) os dois textos mostram uma série de instruções para o ano novo.
D) o Texto I é estruturado em parágrafos enquanto o Texto II em versos.
E) o Texto I é estruturado em verso enquanto o Texto II em parágrafos.
15- S14.H04 Leia o texto a seguir.
A função da palavra “Senhor”, no primeiro quadrinho, é de
A) indicar um questionamento com quem o garoto está falando.
B) demonstrar uma situação de informalidade entre os personagens.
C) indicar a posse de um objeto por parte do garoto.
D) demonstrar respeito pela pessoa que o garoto está falando.
E) causar uma indefinição sobre com quem o garoto está falando.
16- S15.H05 Leia o texto a seguir.
A tese desse texto é sobre
A) como o desmatamento influencia as mudanças climáticas que consequentemente aumenta a conta de energia.
B) a inocência do menino que não entende o porquê a conta de energia dele subiu novamente.
C) o desconhecimento das pessoas acerca do desmatamento e das mudanças climáticas que ocorrem no mundo.
D) a inocência do garoto em não perceber como o desmatamento afeta a vida do ser humano.
E) como o aumento da conta de luz pode afetar financeiramente a vida das pessoas que trabalham.
17- S16.H03 Leia o texto a seguir.
Especialistas alertam para o impacto das mudanças climáticas na saúde
A resposta de organizações como o Einstein é a adoção do compromisso com o ESG, em que o “S”, de social, é também de saúde
Temperaturas extremas, inundações e deslizamentos, secas prolongadas, poluição. Os impactos das mudanças climáticas são visíveis em todo o planeta e representam, hoje, a maior ameaça à vida humana. O alerta foi feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado em 2021, antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), em Glasgow, e ainda em meio à pandemia de covid-19.
Segundo a organização, a expectativa é que, entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas serão responsáveis por cerca de 250 mil mortes por ano, com causas que vão de desnutrição a doenças como malária.
O cenário evidencia a urgência na mobilização de governos e empresas no combate às severas alterações no clima como uma emergência sanitária. Uma das respostas é a adoção de práticas ESG (sigla em inglês para ambiente, social e governança) que enderecem o "S" também como "saúde", como já faz o Hospital Israelita Albert Einstein.
“O relatório foi claro: a mudança climática é a maior ameaça à saúde da humanidade”, destacou Guilherme Schettino, pneumologista e diretor superintendente do Instituto Israelita de Responsabilidade Social (IIRS) do Einstein, durante participação em painel do EXAME ESG Summit 2022. “E vale lembrar que isso foi dito durante a pandemia, o que reforça a importância desse tema quando falamos da saúde da população.”
Os efeitos de eventos climáticos extremos para a saúde podem ser diretos, com impactos físicos e psicológicos, ou indiretos, quando alteram a qualidade da água e do ar, afetam a produção de alimentos ou ecossistemas, e contribuem para a proliferação de vetores de doenças.
As populações mais vulneráveis são as mais afetadas. Por isso, não há como dissociar os debates sobre ações em saúde e na área social feitos por governos, empresas e outras organizações. No caso do Einstein, que faz a gestão de dois hospitais públicos em São Paulo e um em Goiânia, além de várias unidades públicas na capital paulista, a atuação junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) permite contribuir com o acesso a atendimento de saúde de qualidade.
“No Einstein atuamos tanto no SUS quanto na saúde suplementar. E nós estamos, dentro desse movimento ESG, elegendo a saúde como um dos domínios do ‘S’ de social", afirmou Schettino.
Para Luciana Coen, diretora de comunicação integrada e responsabilidade social corporativa da SAP, “dentro do ‘S’ de social certamente está o fator saúde, em todos os seus aspectos”, incluindo a saúde mental. “E essa agenda ESG é uma agenda do setor privado, do setor público e de cada um de nós como cidadãos, que precisam atuar em conjunto”, disse Luciana, no mesmo painel.
Operações em risco Além dos efeitos sobre os indivíduos, o sistema de saúde é também fortemente afetado pelos eventos climáticos extremos, o que gera ainda mais preocupação entre quem é responsável por cuidar da população.
“Quando ocorre uma chuva muito forte, com deslizamentos, ou com grandes enchentes, isso tem um impacto para o sistema de saúde. Dificulta, por exemplo, o acesso dos pacientes e colaboradores à unidade de saúde, pode haver corte de energia, desabastecimento. O oxigênio que eu preciso para operação dos hospitais pode não ser reposto”, observou Schettino.
O médico lembrou que, em tempestades de grandes proporções, como o Katrina e o Sandy, nos Estados Unidos, e o furacão Maria, em Porto Rico, a operação do sistema de saúde foi duramente afetada, o que deixou a população sem atendimento justamente em um momento de grande necessidade. "Quando houve o Katrina, em Nova Orleans, o sistema de saúde parou de funcionar", lembrou, ressaltando que, após esse tipo de evento, o sistema fica desestruturado por um tempo prolongado.
Disponível em: https://exame.com/negocios/especialistas-alertam-impacto-mudancas-climaticas-saude-2/. Acesso em: 09 de nov. de 2022.
O trecho que apresenta um argumento de autoridade é:
A) “Quando ocorre uma chuva muito forte, com deslizamentos, ou com grandes enchentes, isso tem um impacto para o sistema de saúde” (9o parágrafo).
B) “Uma das respostas é a adoção de práticas ESG (sigla em inglês para ambiente, social e governança) que enderecem o "S" também como ‘saúde’” (3o parágrafo).
C) “No caso do Einstein,[...] a atuação junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) permite contribuir com o acesso a atendimento de saúde de qualidade” (6o parágrafo).
D) “... o sistema de saúde é também fortemente afetado pelos eventos climáticos extremos, o que gera ainda mais preocupação entre quem é responsável por cuidar da população” (9o parágrafo).
E) “O cenário evidencia a urgência na mobilização de governos e empresas no combate às severas alterações no clima como uma emergência sanitária” (3o parágrafo).
18- S17.H02 Leia o texto a seguir.
No trecho “É uma doença viral transmitida de pessoa a pessoa, através de secreção do nariz e da boca (...)”, a palavra destacada “e” tem o sentido de
A) explicação. B) oposição. C) adição. D) conclusão. E) alternância.
19- S18.H02 Leia o texto a seguir.
O Toré
No trecho: “Cantando, dançando, batendo nosso pé no chão”, as palavras do texto expressam o significado de
A) insistência. B) ritual. C) briga. D) força. E) brincadeira.
20- S19.H03 Leia o texto a seguir.
Procrastinação
Escreve o texto agora. Calma. Eu vou escrever o texto agora. O prazo era quinta. E já é sábado. Eu sei. Eu vou escrever agora. Então senta e escreve. Agora? Agora. Sobre o que? Escreve sobre isso: essa mania de não fazer as coisas que você tem que fazer. Boa, cara. Eu não sei quem é você, mas você me dá boas ideias. Só preciso de um café coado. Expresso não serve? Não. Enquanto eu me concentro em coar o café, a ideia vem vindo. Café expresso não dá tempo da ideia chegar. O café coado é uma arte que rende textos grandes, romances, até. Se Tolstói tivesse uma máquina de café expresso, ele nunca teria escrito “Guerra e Paz”. Ele seria tuiteiro. Pronto. Já coou. Já bebeu. Só falta escrever. Puts, acho que me concentrei demais no café. Mas se eu sentar na frente da tela, o texto vem. Cadê? Calma.
Também não é só sentar, tem que abrir o Word. Pronto. Calma aí, a fonte não tá boa. Esse texto eu quero escrever em Helvetica. [...] Posso saber por que você tá mudando a fonte? [...] Ei! Por que você tá no Facebook? Foi inconsciente, eu juro. [...] Sai antes que seja tarde. Espera. Os 23 pratos de comida mais perfeitos do universo? Preciso ver isso. Pronto. Já é tarde. Biscoito empanado. Eu preciso comer isso agora. Não precisa, não. Sabe o que você precisa? Precisa escrever o texto dessa semana. Olha só: os 30 fatos mais alegres de todos os tempos. Isso vai ser inspirador. Uau. Os dubladores do Mickey e a da Minnie são casados na vida real. Sai daí agora. Nenhuma lista mais. Acabou. Calma aí. A Ellen DeGeneres tem um texto bom sobre procrastinação¹. Preciso assistir no YouTube antes de escrever o meu texto, para eu não copiar involuntariamente. Tá bom. Vai lá. Puts. O texto dela é muito bom. Agora não dá mais pra eu fazer o meu. Melhor desistir e fazer outro café. Não. Senta e faz o teu. E faz diferente do dela. De repente põe dois personagens falando. Um que quer fazer o texto e o outro que não. Boa. Vou fazer isso. Vai. Pode parar. O que é que você tá fazendo de novo no Facebook?
*Vocabulário:
¹ procrastinação: ato de atrasar, deixar para depois.
DUVIVIER, Gregório. Procrastinação. In: Folha de São Paulo. 2014. Disponível em: <https://goo.gl/6qDMGB>. Acesso em: 5 mar. 2018. Fragmento.
Nesse texto, no trecho “Calma aí, a fonte não tá boa.”, a palavra destacada significa
A) letra. B) motivação. C) origem. D) pesquisa. E) sugestão.
21- S20.H04 Leia o texto a seguir.
No restaurante (Carlos Drummond de Andrade)
— Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia — entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
— Meu bem, venha cá.
— Quero lasanha.
— Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
— Não, já escolhi. Lasanha. Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
— Vou querer lasanha.
— Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
— Gosto, mas quero lasanha.
— Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
— Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
— Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
— Você come camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
— Quero uma lasanha.
O pai corrigiu: — Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada. A coisinha amuou. Então não podia querer?
Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas 14 interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
— Moço, tem lasanha?
— Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:
— O senhor providenciou a fritada?
— Já, sim, doutor.
— De camarões bem grandes?
— Daqueles legais, doutor.
— Bem, então me vê um chinite, e pra ela... O que é que você quer, meu anjo?
— Uma lasanha.
— Traz um suco de laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte.
— Estava uma coisa, hem? — comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. — Sábado que vem, a gente repete... Combinado?
— Agora a lasanha, não é, papai?
— Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
— Eu e você, tá?
— Meu amor, eu...
— Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.
Carlos Drummond de Andrade. Disponível em: https://www.culturagenial.com/melhores-contos-brasileiros-comentados/. Acesso em: 05 de setembro de 2022.
O uso das reticências no trecho: “ Meu amor, eu...” , indica
A) a dúvida do pai se irá pedir ou não a lasanha, pois ele já estava satisfeito.
B) a sinalização de uma ironia falada pelo pai da garota.
C) a insistência do pai em se negar a pedir a lasanha da filha.
D) a interrupção da fala do pai pela menina que mais uma vez pede lasanha.
E) o destaque da palavra “amor” que o autor quis dar ao texto.
22- S20.H09 Leia o texto a seguir.
A música escolhida
Então hoje poderia mostrar para todo mundo o seu talento, a sua voz. Edineia passaria a infância inteira cantando e adorando música, em casa, nas festas da família, nas reuniões de amigos, nos eventos da escola ‒ e para si mesma. Para si mesma, sempre: enquanto estudava, tomava banho, quando andava pela rua, lendo um livro, às vezes em que tomava o ônibus; quando percebia, o passageiro ao lado a estava olhando, entre surpreso e divertido, elogiando-a pela beleza da voz e da música que ela cantava sem perceber [...]
Quando apareceu o concurso que se anunciava como a maior revelação de novos talentos da música brasileira, ela tremeu e decidiu que ali estava a sua chance.
Escolhida a música, começaram os ensaios dias a fio e noite adentro, sem descanso e sem cansar, abnegação apaixonada que pareceria loucura se não fosse tão bonita. Edineia acordava pensando na música que cantaria, repassava no silêncio do café da manhã os acordes que julgava mais difíceis, domando em palavras toda a melodia e assim ia até quando todas as vozes da casa, com ares de madrugada insone, lhe pedissem para dormir.
Ensaiava no sono, aferrada à chance, e tão logo o dia amanhecesse, começava a cantar ainda na cama. A música foi se amoldando à voz de Edineia, feliz em sua emocionante beleza, pronta a que, no dia certo, todos descobrissem o talento de quem a cantava. Edineia tinha a certeza: o concurso seria a sua porta. E se emocionava com isto. Ela está ali, agora, em frente ao conjunto, enquanto o apresentador do concurso a anuncia como a próxima concorrente da noite. Quando o homem lhe deseja boa sorte, [...] ela suspira, fecha os olhos, sente um breve e indizível tremor [...]
Mas quando o conjunto começa a tocar os acordes iniciais da canção, uma névoa de pavor tisna os olhos assustados de Edineia: como é mesmo a primeira frase da letra da música?
SCHNEIDER, Henrique. A música escolhida. Disponível em: <https://bit.ly/2wktaE5>. Acesso em: 7 jan. 2020.
Nesse texto, no trecho “... nos eventos da escola ‒ e para si mesma.” (2o parágrafo), o travessão foi usado para
A) apontar indecisão.
B) apresentar explicação.
C) enfatizar uma informação.
D) introduzir uma crítica.
E) marcar discurso direto.
23- S21.H06 Leia o texto a seguir.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?.
Carlos Drummond de Andrade. E agora, José? Disponível em: https://www.culturagenial.com/poema-e-agora-jose-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso em: 05 de setembro de 2022.
A repetição em cada estrofe do verso: “E agora, José?” no texto foi usada para
A) organizar o texto de maneira que a frase em destaque apareça em todas as estrofes.
B) enfatizar o questionamento sobre o que José fará nas diversas situações em que está envolvido.
C) rimar as estrofes já que essa repetição é primordialmente responsável pela musicalidade do poema.
D) fazer um contraste entre as diversas situações ruins nas quais José está inserido.
E) reiterar que não se está falando com qualquer pessoa e sim com o José.
24- S22.H11 Leia o texto a seguir.
O humor do texto acontece em decorrência de
A) ter alguém que acredite em horóscopo.
B) estar presente em um site de comédia.
C) conter imagens icônicas.
D) fazer uma paródia do horóscopo chinês.
E) fazer referência ao período de 21/03 a 20/04.
25- S22.H11 Leia o texto.
Dostoiévski vira 'alvo' na Itália por invasão russa na Ucrânia
Morto há 141 anos, o escritor Fiódor Dostoiévski (1821-1881) virou alvo na Itália por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em meio à escalada do conflito, uma importante universidade de Milão cancelou um curso sobre um dos principais nomes da literatura russa - e depois voltou atrás -, enquanto um teatro de Gênova desmarcou um festival dedicado ao autor de "Crime e Castigo".
"O que está acontecendo na Ucrânia é horrível e sinto vontade de chorar só de pensar. Mas o que está ocorrendo na Itália hoje é ridículo. Censurar um curso é ridículo", disse Nori. "Não apenas ser um russo vivo é motivo de culpa na Itália, mas também ser um russo morto", acrescentou. A medida provocou críticas unânimes contra a universidade, que depois recuou e confirmou a realização do curso. "Agora eu não sei se vou, preciso pensar. Não sei se quero ir a uma universidade que pensou que Dostoiévski fosse algo que gera tensão", afirmou Nori à ANSA.
Além disso, o Teatro Govi, de Gênova, cancelou um festival de música e literatura russa que estava programado para os próximos dias e homenagearia Dostoiévski pelos 200 anos de seu nascimento. No entanto, a instituição cultural alega que a decisão se deve ao fato de o Consulado da Rússia em Gênova patrocinar o evento.
"Sentimo-nos no dever de renunciar [ao evento] para marcar nossa posição. O Teatro Govi é um lugar de cultura, paz e esperança e que não quer se abrir a quem prefere as bombas às palavras", diz um comunicado oficial.
Já o prefeito de Florença, Dario Nardella, disse ter recebido pedidos para derrubar uma estátua de Dostoiévski na cidade. "Essa é a guerra louca de um ditador e seu governo, não de um povo contra outro. Ao invés de apagar séculos de cultura russa, pensemos em como parar Putin rapidamente", declarou.
A escultura foi doada pela Embaixada da Rússia em Roma em dezembro passado, por ocasião dos 200 anos do nascimento do escritor. "O problema não são os encontros sobre Dostoiévski, mas sim a russofobia. Parece que chegamos a um nível de histeria contra cidadãos russos que não têm nenhuma culpa de ter nascido na Rússia", reforçou Nori à ANSA.
Disponível em https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/dostoi%C3%A9vski-vira-alvo-na-it%C3%A1lia-por-invas%C3%A3o-russa-na-ucr%C3%A2nia/ar-AAUwqVB Acesso em 10 de mar. de 2022.
Marque a alternativa que apresenta um trecho com ironia.
A) “Morto há 141 anos, o escritor Fiódor Dostoiévski (1821-1881) virou alvo na Itália por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia”.
B) "Não apenas ser um russo vivo é motivo de culpa na Itália, mas também ser um russo morto".
C) “Em meio à escalada do conflito, uma importante universidade de Milão cancelou um curso sobre um dos principais nomes da literatura russa”.
D) “Já o prefeito de Florença, Dario Nardella, disse ter recebido pedidos para derrubar uma estátua de Dostoiévski na cidade”.
E) "Essa é a guerra louca de um ditador e seu governo, não de um povo contra outro”.
26- S23.H02 Leia o texto para responder o item a seguir.
O Poeta da Roça (Patativa do Assaré)
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô
Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá
Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
Disponível em:https://mst.org.br/2021/03/05/parabens-patativa-7-poemas-de-assare-neste-especial-de-aniversario/. Acesso em: 06 de set. de 2022.
A linguagem do poeta Patativa do Assaré no poema é predominantemente
A) técnica B) formal. C) regional. D) histórica. E) situacional.
GABARITO
1- E
2- E
3- A
4- E
5- D
6- A
7- E
8- A
9- E
10- B
11- A
12- B
13- E
14- E
15- D
16- A
17- A
18- C
19- B
20- A
21- D
22- C
23- B
24- D
25- B
26- C
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