1- S01.H06 Leia o texto a seguir.
A curiosa etimologia de ‘cucuia’
‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.
Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.
A etimologia de “cucuias” diz respeito a
A) um conflito que os portugueses aproveitaram para conquistar a região da Guanabara.
B) grandes vasos de cerâmica em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos.
C) uma palavra de origem obscura que nenhum dicionário ou etimólogo conseguiu definir.
D) uma ilha chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina).
E) uma palavra que faz referência a ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
2- S02.H12 Leia o texto a seguir.
VOZES-MULHERES (Conceição Evaristo)
A voz de minha bisavó ecoou
A voz de minha filha
criança
nos porões do navio.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
Conceição Evaristo.
Disponível em: https://muraldaanapaula.com.br/listas/5-poemas-engajados-politicamente/ Acesso em: 01 de mar. de 2023.
O poema critica
A) a liberdade conquistada em que ecoam todas as vozes.
B) a avó ter declarado obediência ao homem branco.
C) a escravidão passada de geração a geração.
D) a filha que recolheu em si todas as vozes..
E) a quem fala tão alto que é escutado em várias gerações.
3- S03.H06 Leia o texto a seguir.
A Foto (Luís Fernando Veríssimo)
Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez.
A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? – Tira você mesmo, ué. – Ah, é? E eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. – Tiro eu - disse o marido da Bitinha. – Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher.
A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: – Acho que quem deve tirar é o Dudu... O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho. – Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
– Revezamento - sugeriu alguém. – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. – Dá aqui. – Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/cronicas-engracadas-de-luis-fernando-verissimo-comentadas/. Acesso em: 28 de fev. de 2023.
No trecho:
“Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia” (5o parágrafo)
o termo destacado significa que o homem
A) é facilmente enganado pelas pessoas da sua família.
B) é o genro mais velho da família.
C) não escuta comentários alheios, pois é destemido.
D) é querido por todos por conta de seu jeito acolhedor.
E) gera ciúme nos outros por seu estilo de vida.
4- S04.H06 Leia o texto a seguir.
No último quadrinho, o personagem está
A) curioso. B) culpado. C) apaixonado. D) assustado. E) animado.
5- S05.H04 Leia o texto a seguir.
O tema principal da propaganda é
A) o perigo de andar de moto no trânsito.
B) a divulgação de marca de cadeira de rodas.
C) a divulgação da marca de carro.
D) as consequências da pressa no trânsito.
E) os cadeirantes que se acidentam no trânsito.
6- S06.H09 Leia o texto a seguir.
Doramas: pontos positivos e negativos de assistir
A febre das séries asiáticas não para de crescer, atraindo cada vez mais brasileiros com uma narrativa mais objetiva, poucos episódios e temporadas, além de um enredo envolvente e mais conservador na maioria das produções.
O sucesso das visualizações na Netflix e outras plataformas digitais fizeram com que o mercado crescesse ainda mais e chegasse na Disney, HBO Max e até Apple TV. Antes de tudo, a televisão aberta trouxe os doramas por meio da Rede Brasil e posteriormente por meio da extinta Loading.
Os doramas são dramas asiáticos em formato de série. Os mais famosos recentemente são os sul-coreanos, mas também há forte presença dos chineses e japoneses. Os poucos personagens e um enredo sem muitas delongas faz com que as tramas tenham muita agilidade, algo que o público tem buscado, colaborando para o sucesso deste tipo de produções. No entanto, quais seriam os pontos negativos e positivos de se assistir?
Começando pelos pontos negativos, os doramas até um passado recente traziam muitos protagonistas com relacionamentos tóxicos. Empurrões, depreciação, manipulação e até pegar forte pelo braço ainda são vistos nas produções. Ao invés de romance, muitos personagens principais traziam um relacionamento abusivo.
Outro ponto, dorama vicia. A trama é tão envolvente que o público fica “preso” e é bem comum “maratonar”, ficando horas assistindo para saber o final da história logo. Por mais que se valorize questões familiares e sociais, as séries asiáticas revelam romances que fogem um pouco da realidade brasileira. Como assim? A idealização do romance como algo perfeito, “lindo” e “maravilhoso”, diminuindo o impacto conflituoso que um casal pode ter e criando uma “utopia” ou “ilusão amorosa”.
É importante ressaltar também a questão da rigidez dos pais com os filhos, tanto na questão do ambiente familiar, como também em questão de resultados estudantis, profissionais e esportivos. Sobretudo, todo este comportamento pode influenciar ou realizar pressão também por aqui, mesmo em uma cultura brasileira tão diferente da asiática.
Os doramas trazem para o seu público um verdadeiro passeio pela cultura asiática. Seja por meio dos costumes, tradições, culinária, idiomas ou estruturas familiar e social. Também é possível observar pontos turísticos e comparar modos de vida locais com a de quem está assistindo.
Com histórias curiosas, romances conservadores e produções bem diversas, as séries asiáticas conseguem cativar o público e trazer algo novo. É um jeito de produzir que o ocidente influencia, entretanto prefere manter a sua cultura viva.
Os conflitos familiares são bem abordados e ganham muito destaque, mostrando uma sociedade que mantém seus princípios e que o drama está presente em todas as famílias, independente da classe social. As questões sociais são tratadas de maneira muito cuidadosa e abre espaço para que a sociedade discuta o assunto independente do país. As comédias românticas são de tirar o fôlego, engraçadas do tipo “pastelão” e um romance visto de forma diferente, mais ingênuo.
Os dramas históricos permitem ao telespectador conhecer a história do país asiático e o retrato social da época com destaque para a figuração. Contudo, provavelmente o ponto positivo de maior destaque para os doramas é a possibilidade de famílias inteiras poderem assistir sem ter que tirarem as crianças da sala.
Disponível em: https://www.dabeme.com.br/doramas-pontos-positivos-e-negativos-de- ssistir/#:~:text=Pontos%20Negativos%20dos%20Doramas&text=Ao%20inv%C3%A9s%20de20romance%2C%20muitos,o%20final%20da%20hist%C %B3ria%20log. Acesso: 27 de fev. de 2023.(Adaptado)
A alternativa que apresenta um posicionamento divergente ao de que as comédias românticas criam uma atmosfera de romance é de que
A) as novelas asiáticas são de tirar o fôlego.
B) muitos personagens principais tinham um relacionamento abusivo.
C) a trama é tão envolvente que o público maratona.
D) o público faz um verdadeiro passeio pela cultura asiática.
E) famílias inteiras podem assistir juntas.
7- S07.H07 Leia o texto a seguir.
A curiosa etimologia de ‘cucuia’
‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.
Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.
A informação principal do texto é apresentar
A) a etimologia da palavra beleléu.
B) o mesmo significado de beleléu e cucuias.
C) a etimologia da palavra cucuias.
D) o cemitério indígena das cucuias.
E) o conflito entre portugueses e indígenas.
8- S09.H03 Leia o texto a seguir.
A curiosa etimologia de ‘cucuia’
‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.
Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.
O texto é um(a)
A) crônica. B) artigo. C) relato pessoal. D) verbete de dicionário. E) biografia.
9- S10.H04 Leia o texto abaixo.
O texto acima tem o propósito de
A) mostrar a origem etimológica da palavra amor.
B) aconselhar a termos carinho ou afeição por alguém.
C) chamar atenção para o fato de que todos devem amar..
D) mostrar a definição da palavra amor.
E) servir de declaração para alguém.
10- S10.H07 - Leia o texto abaixo.
Miguel Paiva. O Estado de São Paulo. 05.10.88.
Nessa charge, a intenção do autor é fazer
A) uma crítica ao cumprimento dos direitos humanos.
B) uma afirmação de que tudo vai bem.
C) um elogio à política social.
D) um pedido de ajuda.
11- S11.H03 Leia o texto a seguir.
Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo, pois ele não sabia nadar muito bem. A rã, que estava ali ociosa, ofereceu-se para ajudá-lo. O rato, embora soubesse nadar um pouco, ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda. A rã, ardilosa, disse que o rato prendesse uma perna a sua e assim ela o ajudaria a atravessar. O rato concordou e, encontrando um pedaço de fio, prendeu uma das suas pernas à rã. Mas, mal entraram no rio, a rã mergulhou, tentando afogar seu ingênuo companheiro. O rato, por sua vez, debatia-se com a rã para se manter à superfície e, antes que afundasse, foi visto por uma águia que sobrevoava a lagoa. A ave baixou sobre o rato e levou-o nas garras arrastando também a rã e, ainda no ar, comeu os dois animais.
ESOPO. As fábulas de Esopo. (Texto Adaptado).
Tradução direta do grego, prefácio, introdução e notas de Manuel Aveleza de Sousa. Rio de Janeiro: Thex, 2002.
Qual ação indica a ingenuidade do rato?
A) “A ave [...] levou-o nas garras arrastando também a rã”.
B) “Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo”.
C) “O rato, [...] ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda”.
D) “A rã [...] ofereceu-se para ajudá-lo”.
E) “O rato [...] debatia-se com a rã para se manter à superfície”.
12- S11.H09 Leia o texto a seguir.
A Foto (Luís Fernando Veríssimo)
Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez.
A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? – Tira você mesmo, ué. – Ah, é? E eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. – Tiro eu - disse o marido da Bitinha. – Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher.
A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: – Acho que quem deve tirar é o Dudu... O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho. – Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
– Revezamento - sugeriu alguém. – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. – Dá aqui. – Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/cronicas-engracadas-de-luis-fernando-verissimo-comentadas/. Acesso em: 28 de fev. de 2023.
A ação do bisavô, no último parágrafo, sugere que ele era
A) doente B) contido. C) amável. D) determinado. E) homenageado.
13- S12.H06 Leia os textos a seguir.
Texto I
Língua Portuguesa – Qual o problema mais grave que vê nos livros infantis?
Ruth Rocha – As pessoas escrevem como quem escreve para o curso colegial. Não tem nenhum traço literário naquilo. E a maior parte não sabe o que é criança. Tem gente sem noção nenhuma, que faz historinhas sobre os próprios filhos, os netos, o cachorro... Saem falsas. Outra coisa que sai bobo são histórias de objetos inanimados, tipo, “a história da xícara que se apaixonou pelo pires...”. Bicho a gente humaniza com facilidade. Estão aí as fábulas. Você faz uma história de bicho, e as pessoas leem e sabem que é sobre gente. Mas o pior é que as pessoas não têm uma história para contar. Param no meio e quando fecham, é uma bobagem.
Texto II
Língua Portuguesa – Que cuidados se deve tomar ao criar livros infantis?
Tatiana Belinsky – Primeiro respeitar a inteligência da criança. Elas entendem tudo muito bem. Não são bobinhas. Muitas das clássicas fábulas com bichos se comportando como gente não eram escritas de olho no público infantil, eram críticas disfarçadas aos governos. Na Europa, fábulas eram muitas vezes metáforas sobre o mundo. E caíram no gosto das crianças. Segundo, e sem cair no papo politicamente correto, é preciso evitar que aspectos físicos, religiosos e étnicos dos personagens sejam associados a maus instintos. [...] É preciso, afinal, evitar a todo custo a mania de dar moral à história. Não é preciso empurrar uma verdade goela abaixo.
Língua Portuguesa, out. 2011, p. 29-30. Fragmento.
Sobre a criação de histórias infantis, esses dois textos apresentam opiniões
A) semelhantes. B) diferentes. C) incoerentes. D) contrárias. E) neutras.
14- S13.H03 Leia os textos a seguir.
Texto I
Quando criança eu ODIAVA ler. Livros de escola me davam sono e eu nunca conseguia prender a atenção. Aos 14 anos vi uma amiga lendo A Pedra Filosofal. Ela perguntou se eu queria emprestado, fiz a simpática e aceitei. Lembro de ler a primeira página achando q seria um porre e de repente estava presa. Harry Potter e a Pedra Filosofal acabou sendo o primeiro livro q li inteiro, q fez eu me apaixonar por leitura, q me fez conhecer um mundo mágico de fantasias. Depois disso nunca mais parei. E só tenho a agradecer a J. K. por isso.
Disponível em: https://www.bumbook.com.br/top/como-harry-potter-mudou-a-minha-vida/. Acesso em 06 de jun. de 2021.
Texto II
Quando vi Harry Potter pela primeira vez, eu ainda era só uma criança. Eu cresci junto com eles, e de certa forma, vivi cada uma das aventuras. Já tentei fazer feitiços com pedaços de madeira, já tive medo de dementadores, já achei que o gato da vizinha era animago, já dormi acreditando que no meio da noite, um gigante invadiria minha casa, e me diria que pertenço ao universo bruxo. Eu já ri, já chorei, já gritei, vibrei, esperei ansiosamente... Hoje, fazem dois anos que chegou o fim de uma era. Mas eu não quero acreditar que chegou ao fim, porque dentro de mim, isso nunca vai acabar. Eu sei, para muitos, isso é apenas uma história. Mas para mim, é muito mais do que isso. Harry Potter me tirou do mundo trouxa por dias. Foi meu consolo, minha alegria, meu refúgio. Me deu amigos. Me mostrou que a magia pode ser encontrada nos detalhes mais simples. Me ensinou que são as suas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos. Me ensinou que o mundo não se divide entre o bem e o mal; J. K. Rowling foi minha infância. Ela me mostrou que com mágica, tudo pode ser melhor. Harry Potter está mais presente em minha vida do que se pode imaginar. E sempre estará, Uma vez potterhead, sempre potterhead. Obrigada J. K., por me fazer acreditar na magia, mesmo vivendo nesse mundo louco de trouxas. Obrigada por cada um de vocês, que fizeram parte do elenco, e nos mostraram com tanta paixão um pouco deste mundo. Obrigada ao fandom, por ter continuado com esse amor louco até aqui. Obrigada a você, que leu esse texto até aqui. E obrigada ao bruxinho Potter. Não, espera. O senhor se enganou. Sabe, eu não posso ser um, um bruxo. Eu, sou o Harry, só Harry.
Érika. (via potter-facts)
Por Marilia Neustein. Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun. de 2021.
Os Textos I e II
A) comentam sobre livros diferentes.
B) tentam convencer o leitor a ler Harry Potter.
C) contam sobre como começaram a gostar da leitura.
D) usam a linguagem formal para narrar os fatos.
E) tratam sobre a relação dos autores com a leitura.
15- S13.H04 Leia os textos a seguir.
Texto I
Quando eu li Clarice Lispector
Quando eu li Clarice Lispector, pela primeira vez, ainda era criança e na escola frequentemente era recomendado aos alunos a leitura da série de pequenas histórias de grandes autores "Para gostar de ler". Num desses livros eu esbarrei com a história da miquinha Lisete e fiquei intrigado com a maneira com que aquela mulher narrava de forma tão corajosa, se assim posso dizer, um assunto tão delicado para as crianças: a morte. Lembro que fiquei experimentando aquela sensação, a perda, a saudade.
Aquela história me provocou uma série de sensações, e foi a partir daí que fiquei curioso em conhecer mais coisas dessa mulher tão misteriosa.
"No dia seguinte o veterinário telefonou avisando que Lisete tinha morrido durante a noite. Compreendi então que Deus queria levá-la. Fiquei com os olhos cheios de lágrimas e não tinha coragem de dar a notícia ao pessoal de casa, Afinal, avisei e todos ficaram muito tristes, muito tristes. De pura saudade, um dos meus filhos perguntou:
– Você acha que Lisete morreu de brincos e colar?
Eu disse que tinha certeza que sim, e que, ela mesmo morta continuaria linda."
Eu já gostava de ler, já tinha lido alguns outros autores, mas devo confessar que assim que esbarrei com a literatura da Clarice fiquei hipnotizado. A linguagem dela me acertava em cheio, não sei direito o momento em que me dei conta do tamanho da solidão e do desamparo que àquelas linhas traduziam de uma mulher extremamente entregue, Clarice para mim se tornou influência. Não encontrei até hoje algum escritor que escreva com tamanha coragem do que ela. É claro que li outros vários escritores, alguns muito bons, outros nem tanto, mas a maneira com que era arrebatado pela linguagem daquela mulher era impressionante, muitas vezes pensei: eu queria ter escrito isso.
Disponível em: https://www.literaturabr.com/2015/04/03/quando-eu-li-clarice-lispector/. Acesso em 03 de mar. de 2023. Adaptado.
Texto II
A mulher que matou os peixes
No dia 10 de dezembro, a escritora Clarice Lispector (1920-1977) faria aniversário. Na ocasião, Literatura é bom pra vista indicou algumas atividades culturais realizadas na cidade para lembrar o aniversário da autora.
Contudo, Literatura é bom pra vista quer também aproveitar para falar de um livro infantil de Clarice, chamado A Mulher que matou os peixes. A obra foi indicada pela jornalista e também escritora Luize Valente, entrevistada para Literatura é bom pra vista.
Já na abertura do livro, a autora confessa seu crime: foi ela quem matou os peixinhos vermelhos de estimação do filho. Esqueceu-se de alimentá-los e de trocar a água do aquário por três dias. Mas para provar que seu crime não foi intencional, Clarice sustenta ao longo de livro que sempre teve uma ótima relação com animais e que gosta deles. No decorrer da narrativa, ela se esforça em convencer o leitor de que está sendo sincera e conta sobre a miquinha Lisete, a ratazana Maria de Fátima, o cão Dilermando, entre outros animais que passaram por sua vida. Ela dá, inclusive, sua palavra ao pequeno leitor, que não deixa bicho sofrer. Não se trata exatamente de um conto de fadas, mas de um relato entrelaçado por microrrelatos em que Clarice dialoga conosco, com o próprio filho e com todos os filhos do mundo, em busca de nosso perdão pelo seu crime, numa linguagem sincera, simples, mas nem de longe piegas. A escritora vai ganhando nossa confiança, em meio a justificativas plausíveis para seu crime e não esconde seu desalento pela morte dos peixinhos vermelhos. É uma obra bastante interessante porque a ficção pode auxiliar pais a tratar da morte e da perda com seus filhos.
Disponível em: https://literaturaebompravista.wordpress.com/2016/12/20/a-mulher-que-matou-os-peixes/. Acesso em: 03 de mar. de 2023.
Podemos afirmar que
A) o texto I traz um relato de experiência de um leitor de clarice ao ler a história da miquinha Lisete e o texto II apresenta um resumo dessa narrativa.
B) o texto I e o texto II apresentam relatos de leitores que leram a história da miquinha Lisete.
C) os dois textos apresentam os fatos ocorridos na história da miquinha Lisete, não mostrando pontos de vistas de nenhum leitor sobre a história.
D) o texto I apresenta resumidamente sobre a história de miquinha Lisete e o texto II apresenta o ponto de vista de um leitor sobre essa história.
E) o texto I e II apresentam o resumo da história de miquinha Lisete alternados com apreciações de leitores desse conto.
16- S13.H06 - Leia os textos a seguir.
Texto I
Um dos primeiros registros que levam à criação do Horário de Verão é de 1784, quando Benjamin Franklin, nos Estados Unidos, notou que em certos meses do ano o sol nascia antes da média de horário em que as pessoas acordavam. Com isso, ele espalhou — sem sucesso — a ideia de que todos poderiam acordar mais cedo para desfrutar da luz do dia por um período maior. Depois disso, o método foi adotado em vários países do mundo durante momentos específicos — como pelos países europeus ao longo da Primeira Guerra Mundial. Aqui no Brasil, o horário de verão foi adotado pela primeira vez, em 1931, pelo então presidente Getúlio Vargas por meio de decreto em todo território nacional. No entanto, não foi constante, e acabou sendo revogada e adotada novamente anos seguintes. A mudança do horário, em uma hora, passou a ser ininterrupta a partir de 1985. Mas foi só em 2008 que foi regulamentada por decreto-lei. Por levar a população a voltar uma hora no relógio para alinhar o início do dia com o período solar, o horário de verão é um recurso que ajudava na redução do consumo de energia, especialmente por volta das 18h até 21h, quando costuma ocorrer um pico de consumo de energia. Porém, desde o início de 2019, foi revogado o Horário Brasileiro de Verão. A decisão de manter o recurso inativo pelo segundo ano consecutivo se deu após estudos realizados pelo Ministério de Minas e Energia que demonstraram a baixa efetividade dessa ação.
Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/01/14/horario-de-verao-deixou-saudades-ou-foi-emboratarde.htm?cmpid=copiaecola. Acesso: 30 de jun. de 2021. (ADAPTADO).
Texto II
Horário de verão, seu lindo
Nem me venha com chororô. Com cara de bode, reclamações. Horário de verão é vida. Anuncia o que vem de bom por aí: vestido rodado e rasteirinha. É hora de guardar o casaco no armário, deixar de lado as peças pretas, o ar elegante de Europa. A hora é de tropicalismo. Ele chegou, com a sua horinha a mais, fazendo as pessoas darem aquela arrastada no dia. Sei que esse é um assunto de dividir opiniões, mas vou defender aqui essa opção de vida. (...) Ora, somos um país tropical. Essa é a nossa temperatura, o nosso horário. O dia dura mais, a noite cai devagar.
(...)
Dizem que ele (o horário de verão) foi feito para economia de energia. Mas, para mim, ele é o contrário: nada econômico. É o esbanjar da alegria, faz o sol brilhar mais forte e por mais tempo. Dizem, também, que ele pode fazer mal para o coração, mas eu não acredito. Ele é dourado, é pele quentinha depois de um dia de praia. Não dá pra viver assim para sempre e por isso gosto também que ele seja temporário. E também não é unânime: deixa algumas pessoas felizes e outras frustradas, assim como a vida. Por isso eu digo para ele: bem-vindo, amigo.
Por Marilia Neustein. Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun. de 2021.
Sobre os Textos I e II é correto afirmar que
A) os dois trazem informações impessoais sobre o horário de verão.
B) o Texto I traz informações impessoais, enquanto o Texto II, pessoais.
C) o Texto I traz informações pessoais, enquanto o Texto II, impessoais.
D) o Texto I traz uma opinião sobre o horário de verão, enquanto que o Texto II informa sem tomar posição.
E) os Textos I e II são literários, marcados pela pessoalidade e sensibilidade de seus autores.
17- S14.H06 Leia o texto.
Sol: o que é, características, camadas e distância da Terra
O Sol é uma estrela com diâmetro de 1 392 700 km, ou seja, 109 vezes maior que o da Terra, com 12 742 km. Isso quer dizer que poderíamos enfileirar 109 planetas Terras ao seu lado. Ele está localizado no centro de nosso sistema planetário, o Sistema Solar.
Mas, apesar de ser muito maior do que a Terra, em comparação com outras estrelas, esse astro não é assim tão grande. Uma das maiores estrelas conhecidas, a VY Canis Majoris, é cerca de 2 mil vezes maior do que o Sol.
O Sol contém quase que a totalidade da massa do sistema solar, cerca de 99,8%. É em virtude de sua massa que os planetas orbitam à sua volta.
Sua composição é basicamente hidrogênio e hélio. É justamente a fusão nuclear do hidrogênio a fonte de sua energia, liberada na forma de luz e calor. Ao fundirem seus núcleos, átomos de hidrogênio formam o hélio.
O Sol também é o responsável direto pela manutenção da vida em nosso planeta, devido sua luz, utilizada pelas plantas na fotossíntese. Sua energia também fornece calor para Terra, que mantém a temperatura adequada para a vida. Sua gravidade também influencia as marés nos oceanos.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/sol/#:~:text=Curiosidades%20sobre%20o%20Sol,bilh%C3%B5es%20de%20anos%20de%20idade. Acesso: 27 de fev. de 2023.
No trecho: “Esse astro não é assim tão grande” (2o parágrafo) a expressão destacada substitui
A) o Sol. B) os planetas. C) Sistema Solar. D) Sistema Planetário. E) planetas Terras.
18- S15.H02 Leia o texto a seguir.
CORPO EM MOVIMENTO É CORPO SAUDÁVEL
Quem quer viver bem e com saúde não pode abrir mão de dois pilares básicos: alimentação equilibrada e atividade física regular. Em tempos de ritmo de vida acelerado, com inúmeras tarefas a cumprir, encontrar um tempo para a prática de exercícios físicos fica cada vez mais difícil e aumenta os riscos para uma série de doenças evitáveis.
A prática regular de atividade física faz bem para a mente e o corpo e é recomendada para todas as idades. Os benefícios vão muito além de manter ou perder peso. Entre as vantagens para a saúde estão a redução do risco de hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes, câncer de mama e de cólon, depressão e quedas em geral. Além disso, a atividade física fortalece ossos e músculos, reduz ansiedade e estresse e melhora a disposição e estimula o convívio social. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda
150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada (cerca de 20 minutos por dia) ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana (cerca de 10 minutos por dia). Mas a falta de tempo com a rotina apertada de trabalho, estudo, cuidados com a casa, faz com que muitas pessoas não façam nenhuma atividade física.
As pessoas sedentárias têm de 20% a 30% mais risco de morte por doenças crônicas, como doenças do coração e diabetes, que as pessoas que realizam ao menos 30 minutos de atividade física moderada, cinco vezes por semana. Por isso, é fundamental planejar a rotina para praticar atividade física e alcançar uma melhor qualidade de vida. Para aqueles que ainda não conseguem reservar o tempo ideal, qualquer atividade, ainda que de curta duração, já é uma importante evolução.
A prática regular de atividades físicas proporciona mais disposição para realizar outras tarefas, mais força, flexibilidade e capacidade funcional, entre muitos outros benefícios.
Antes de iniciar a prática de exercícios é importante que seja realizado exame clínico para verificar o estado geral de saúde da pessoa e, assim, definir o melhor tipo de atividade e a intensidade indicada. Além disso, o ideal é que o exercício seja acompanhado por um profissional capacitado para diminuir o risco de lesões.
Quem pratica atividade física não pode se descuidar da alimentação. O consumo de alimentos saudáveis, em horários e quantidade adequados, potencializa os benefícios dos exercícios, contribuindo para mais saúde e bem-estar.
Disponível em: https://copass-saude.com.br/posts/corpo-em-movimento-e-corpo-saudavel. Acesso: 27 de fev. de 2023.
A tese do texto é
A) “a redução do risco de hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes, câncer de mama e de cólon, depressão e quedas em geral” (1o parágrafo).
B) “Quem pratica atividade física não pode se descuidar da alimentação” (5o parágrafo).
C) “A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada” (1o parágrafo).
D) “a atividade física fortalece ossos e músculos, reduz ansiedade e estresse e melhora a disposição e estimula o convívio social” (1o parágrafo).
E) “a prática regular de atividade física faz bem para a mente e o corpo e é recomendada para todas as idades” (1o parágrafo)..
19- S16.H03 Leia o texto a seguir.
A construção da Felicidade
Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade. Essa palavrinha muitas vezes nos confunde mesmo. Seremos felizes quando encontrarmos o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando tivermos o emprego dos sonhos? Ou quando ganharmos dinheiro suficiente para não mais precisar trabalhar? Ou quando esclarecermos qual é o nosso propósito? Seria a felicidade um lugar ao qual chegaremos e lá estacionarem nossa vida para sempre?
Com o advento das redes sociais em que projetamos vidas perfeitamente editadas, a felicidade até parece estar mesmo nesses inesgotáveis desejos exteriores, que só nos geram emoções aflitivas e que certamente têm grande colaboração para o estado geral de ansiedade que vivenciamos hoje em dia.
Mas, afinal, onde encontrar essa tal felicidade? De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida. “Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta.”, escreveu o monge budista Matthieu Ricard, no seu livro Felicidade: a prática do bem-estar, de 2015 (Editora Palas Athena).
Não nos tornamos felizes do dia para a noite, mas graças a um trabalho paciente, construído dia após dia, com ou sem ajuda. As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo. Mas vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade.
É preciso muita vontade, disposição e resiliência, pois se trata de uma jornada que não tem um tempo definido para acontecer. O fato é que, sem paz interior e sabedoria, não temos nada do que realmente é necessário para sermos felizes. E é muito fácil desperdiçar nossa vida sem notar essa verdade, correndo para todo lado sem chegar a algum lugar em busca de algo que se encontram, veja só, no interior de cada um. Governos, empresas e profissionais podem nos auxiliar, mas para que a felicidade nos encontre é preciso, antes de mais nada, começar a construí-la dentro da gente.
Luciana Pianaro. Revista Vida Simples. n. 243. 2022
O argumento de autoridade presente no texto é:
A) “As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo” (4o parágrafo).
B) "Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta” (3o parágrafo).
C) “De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida” (3o parágrafo).
D) “Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade" (1o parágrafo).
E) “Vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade” (4o parágrafo).
20- S17.H02 Leia o texto a seguir.
Coisas do interior (Zé Vaqueiro)
O galo cantando no terreiro
Anunciando que o dia raiou
No rádio, sai a voz de um violeiro
Cantando os seus casos de amor
Longe da cidade, pouca vaidade
Alma e um coração sem dor
Um beija-flor moreno num dia sereno
São coisas do interior
Eles nunca vão entender
O quanto a gente é feliz
Morando numa casinha simples
No meio da mata, só quem sabe diz
Disponível em: https://www.letras.mus.br/ze-vaqueiro/coisas-do-interior/ . Acesso: 27 de fev. de 2023.
No trecho “Alma e um coração sem dor”, o termo destacado tem o sentido de
A) adição. B) contradição. C) alternância. D) conclusão. E) explicação.
21- S18.H01 Leia o texto a seguir.
O trecho: “ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide”, relaciona-se a ideia de
A) multiplicidade. B) individualidade. C) duplicidade. D) frieza. E) grandeza..
22- S19.H05 Leia o texto a seguir.
Hagar usou a palavra “harmonia” para
A) fazer uma comparação com a música.
B) explicar o que é uma orquestra afinada.
C) mostrar o que é a paz mundial.
D) dificultar a compreensão de Hamlet.
E) ensinar como funcionam os acordes musicais.
23- S20.H07 Leia o texto a seguir.
A curiosa etimologia de ‘cucuia’
‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.
Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.
No trecho:
Nos livros, só consta “origem obscura” (2o parágrafo)
O uso de aspas indica que
A) a intenção do autor foi ser irônico.
B) “origem obscura” foi usada fora de seu contexto habitual.
C) “origem obscura" indica o título de uma obra sobre a palavra "beleléu".
D) uma palavra antiga usada em um contexto atual.
E) a expressão “origem obscura” está escrita no artigo tal como vem dos livros.
24- S21.H06 Leia o texto a seguir.
Caso de recenseamento
O agente do recenseamento vai bater na casa de subúrbio longínquo, aonde nunca chegam as notícias.
– Não quero comprar nada.
– Eu não vim vender, minha senhora. Estou fazendo o censo da população e lhe peço o favor de me ajudar.
– Ah moço, não estou em condições de ajudar ninguém. Tomara eu que Deus me ajude. Com licença, sim?
E fecha-lhe a porta.
Ele bate de novo.
– O senhor, outra vez?! Não lhe disse que não adianta pedir auxílio?
– A senhora não me entendeu bem, desculpe. Desejo que me auxilie mas é a encher esse papel. Não vai pagar
nada, não vou tomar nada. Basta responder a umas perguntinhas.
– Não vou responder a perguntinha nenhuma, estou muito ocupada, até logo!
A porta é fechada de novo, de novo o agente obstinado tenta restabelecer o diálogo.
– Sabe de uma coisa? Dê o fora depressa antes que eu chame meu marido!
– Chame sim, minha senhora, eu me explico com ele.
(Só Deus sabe o que irá acontecer. Mas o rapaz tem uma ideia na cabeça: é preciso preencher o questionário, é preciso preencher o questionário, é preciso preencher o questionário).
– Que é que há? – resmunga o marido, sonolento, descalço e sem camisa, puxado pela mulher.
– É esse camelô aí que não quer deixar a gente sossegada!
– Não sou camelô, meu amigo, sou agente do censo...
– Agente coisa nenhuma, eles inventam uma besteira qualquer, depois empurram a mercadoria! A gente não pode comprar mais nada este mês, Ediraldo! [...]
ANDRADE, Carlos Drummond. Caso de recenseamento. In: Para gostar de ler. v. 2. Crônicas. São Paulo: Ática, 1995. p. 30-31.
Nesse texto, a repetição da expressão “é preciso preencher o questionário,” evidencia que o agente é
A) esquecido. B) ignorante. C) poeta. D) focado. E) sonolento.
25- S22.H04 Leia o texto a seguir.
A Foto (Luís Fernando Veríssimo)
Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez.
A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? – Tira você mesmo, ué. – Ah, é? E eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. – Tiro eu - disse o marido da Bitinha. – Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher.
A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: – Acho que quem deve tirar é o Dudu... O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho. – Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
– Revezamento - sugeriu alguém. – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. – Dá aqui. – Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/cronicas-engracadas-de-luis-fernando-verissimo-comentadas/. Acesso em: 28 de fev. de 2023.
O trecho que indica ironia é:
A) “O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia” (3o parágrafo).
B) “Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo” (4o parágrafo).
C) “– Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido!” (6o parágrafo).
D) “Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!” (5o parágrafo).
E) “– Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos” (6o parágrafo).
26- S23.H05 Leia o texto a seguir.
A curiosa etimologia de ‘cucuia’
‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.
Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.
No trecho: “Cemitério longe das igrejas? Creideuspai!” (10o parágrafo), fica evidenciado o uso da linguagem
A) culta. B) literária. C) formal. D) técnica E) popular.
GABARITO
1- B
2- C
3- E
4- E
5- D
6- B
7- C
8- B
9- D
10- A
11- C
12- D
13- A
14- E
15- A
16- B
17- A
18- E
19- B
20- A
21- B
22- A
23- E
24- D
25- D
26- E
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