quarta-feira, 4 de outubro de 2023

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE PORTUGUÊS 2 - SAEB / SPAECE / ENEM


1- Habilidade S01.H03- Leia o texto a seguir.

Desejo secreto

Susanabela nem não acreditava, senão o homem do noticiário insistia: “Papai Noel estará neste domingo no shopping, aquele mesmo pertinho de você!”
Por trás dos olhos arregalados soluçava a duvidar do aparelho de TV: “Ele? Aqui?”
Trazia, nos pouco mais de trinta anos, uma beleza sofrida e esquiva. Após ser largada por Genésio, o único e infeliz amor de sua existência, que a trocou justamente pela irmã, a caçula, decidira largar de vez a sua cidadezinha de sempre e buscar sustento em casa de família na capital, à custa da necessidade, rotinando as únicas prendas de sua vida: varrer, lavar, passar, cozinhar.
Fazia apenas alguns meses. Morava num quartinho reversível dos fundos, ao lado da área de serviço, por trás do tanque. Sem família, sem amigos, sem ninguém, abria mão até dos finais de semana, simplesmente por não ter, ou saber, o que fazer fora dali. Não besta, a patroa a explorava carinhosamente, rasgando-a de cínicos elogios toda vez que a surpreendia passando as roupas no perfeito domingo, de costas para o café da manhã bem-posto, inda quentinho, na mesa de vista para o céu mais azul e livre deste mundo.
Mas naquele domingo não. A patroa acordou de cara emburrada, estranhando a empolgação da empregada no enfeito em tamancos, e o nada de café nem de janela azul.
“É namorado, não é? Olhe, tome cuidado com os rapazes daqui, Susanabela. Só querem mesmo é tirar uma casquinha... E você, me desculpe, é uma tonta!”
“É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre. É mais do que isso... é um sonho!”
Não ouvia, pois estava cheia de seus próprios sons. A patroa resmungava: “Serviço bom como este aqui
vai ser difícil conseguir outro, visse?”
Susanabela quase abria os portões do shopping. Desfiava conversa com o segurança, os zeladores e taxistas. Mais ansiosa que caldeira de trem, numa felicidade estranhamente sincera, perguntava: "Vocês não vão falar com o Papai Noé, não?"
Riam-se. Entre eles, apontavam para ela, meneavam a cabeça: “Não pode ser desse mundo.”
Com pouco, a fila se esticou de crianças e de pais sonolentos de boa vontade. Ao fim, chegava ele, o tal
Noel, passando por ela num acolchoado encarnado e luminoso sem dar-lhe a mínima atenção, rumo ao seu trono.
Ela, a primeira da fila, postava-se passiva e trêmula, enquanto as ajudantes do velhote lhe perguntavam pelos filhos: Não os tinha.
Daí, o canastrão, desconfortavelmente sentado na poltrona decorada, pôs-se ao papel, lançando um afônico Hou-hou-hou e chamando Susanabela: “E então, minha filha, o que você quer de seu Papai Noel?” Era o que faltava. Susana livrou-se dos tamancos, saltou em seu colo, beijou o blush de seu rosto e, num abraço caloroso e fatal, sussurrou-lhe ao ouvido: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha? Agora quero que você morra ela.... Morra ela, pra mim, Papai Noé, por favor!”

Raymundo Netto.
Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/colunas/raymundonetto/2018/12/desejo-secreto.html. Acesso: 10 de mar. de 2023.

Qual o motivo de Susanabela ter saído de casa naquele domingo?

A) Comprar presentes no shopping.
B) Namorar com um rapaz da cidade.
C) Ver papai noel.
D) Estar zangada com a patroa.
E) Passear pela cidade.

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2- Habilidade S02.H12 - Leia o texto a seguir.

VOZES-MULHERES (Conceição Evaristo)

A voz de minha bisavó ecoou
A voz de minha filha
criança
nos porões do navio.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.

Conceição Evaristo.
Disponível em: https://muraldaanapaula.com.br/listas/ 5-poemas-engajados-politicamente/ Acesso em: 01 de mar. de 2023.

O poema critica

A) a liberdade conquistada em que ecoam todas as vozes.
B) a avó ter declarado obediência ao homem branco.
C) a escravidão passada de geração a geração.
D) a filha que recolheu em si todas as vozes..
E) a quem fala tão alto que é escutado em várias gerações.

3- Habilidade S03.H05 - Leia o texto a seguir.


No texto lido, podemos inferir que a palavra “bolada” tem o mesmo sentido de

A) surpresa. B) tranquila. C) chateada. D) ciumenta. E) esperta.

4- Habilidade S04.H07 - Leia a tirinha a seguir.


A intenção do homem no segundo quadrinho é de

A) empatia. B) deboche. C) tristeza. D) surpresa. E) alegria.

5- Habilidade S05.H07 - Leia o texto a seguir.

Mapa mental: como fazer e para que serve essa técnica? (Mariane Roccelo)

Mapa mental é uma técnica de organização e memorização de pensamentos lógicos e ideias que foi
difundida pelo psicólogo inglês Tony Buzan.
O termo mapa mental foi apresentado pela primeira vez por Buzan durante um capítulo da série Use Your Head, da BBC TV, em 1974 . No programa, o psicólogo explicou como funciona o modelo de sequenciamento de ideias em árvore radial, que atualmente é o mais utilizado em todo o mundo.
A técnica consiste em expandir palavras-chave relacionadas ao tema do centro para as laterais da página.
O programa foi ao ar no mesmo período em que o psicólogo lançava o livro The Mind Map Book: How to Use Radiant Thinking to Maximize Your Brain’s Untapped Potential.
O mapa mental criado por Buzan foi um sucesso entre estudantes de todo o mundo, e por isso o modelo
criado é utilizado até hoje. Atualmente, há vários aplicativos que permitem montar um mapa mental online, além do modelo tradicional feito em papel. Neste texto, vamos mostrar o que você precisa saber para entender como funciona essa técnica e o passo a passo para criar seu mapa mental.

Como fazer um mapa mental simples

Seja no mapa mental online ou no papel, a estrutura da técnica permanece a mesma. Aqui, no Estudar Fora, aconselhamos a utilizar papel e canetas coloridas para fazer o mapa mental, sempre que possível. Vários estudos mostram que fazer anotações à mão é mais eficaz para a memorização de conteúdos.

1. Defina o tema principal

O título do mapa mental deve ser escrito em letras grandes no meio do papel. Na hora de escrevê-lo, leve em consideração: sobre o que será o mapa mental? Qual é seu objetivo ao montá-lo?
Para exemplificar, montamos um mapa mental bem simples sobre como cozinhar arroz branco tradicional.
Com ele, queremos mostrar como praticamente qualquer coisa pode ser memorizada através dele.


2. Elenque os subtópicos principais

Quais os pontos mais importantes do seu tema? O que não pode ser esquecido? Levante quais são esses
pontos e resuma cada um em uma ou poucas palavras.
Escreva cada subtópico nas laterais do papel com uma cor diferente e puxe uma seta do título apontando
para eles. As cores auxiliam a memória a reter os grupos de informações que estão relacionadas através das mesmas cores. Na hora de escrever, use uma letra menor que a letra do título para exemplificar a hierarquia de cada assunto.


3. Escreva os tópicos relacionados à cada subtópico

Anote as informações relacionadas à cada subtópico utilizando outros subtópicos com palavras-chave, como na etapa anterior. Siga as cores utilizadas nos subtópicos principais, escreva letras menores e puxe setas a partir do subtópico relacionado. Não há limite para quantidade de palavras puxadas nem de subtópicos de subtópicos.


Disponível em: https://www.estudarfora.org.br/mapa-mental/. Acesso em: 10 de mar. de 2023. Adaptado.

O tema principal da propaganda é
A) a elaboração de mapas mentais.
B) a apresentação do livro do psicólogo inglês Tony Buzan.
C) ao ensinamento de como fazer arroz.
D) o sucesso da técnica de mapas mentais entre os estudantes.
E) a história de vida do psicólogo Tony Buzan.

6- Habilidade S06.H05 - Leia o texto a seguir.


Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/659003357987997840/feedback/?invite_code=111d1b1f2b784e2ebc9ca516bfdcbed8&sender_id=747105163092953186 . Acesso em: 03 de abr. de 2023.

Há um fato em:

A) “A adolescência é uma época em que a gente acha que sabe tudo”.
B) “E qual foi a época que o senhor mais gostou, vovô?”.
C) “Como é saber que está chegando ao fim da vida?”.
D) “Já pegou bastante sol, vai acabar torrando”.
E) “Ser criança é maravilhoso”.

7- Habilidade S07.H07 - Leia o texto a seguir.


A curiosa etimologia de ‘cucuia’

‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!
O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.
Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’ (‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro.
Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]
Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.
Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.
Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’ (casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.
Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.
Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja
do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.
Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.

Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018).
Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília
Bivar (jul. 2019).
Sugestão: Henrique Costa.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=722697102812289& set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.

A informação principal do texto é apresentar

A) a etimologia da palavra beleléu.
B) o mesmo significado de beleléu e cucuias.
C) a etimologia da palavra cucuias.
D) o cemitério indígena das cucuias.
E) o conflito entre portugueses e indígenas.

8- Habilidade S09.H06 - Leia o texto a seguir.


Disponível em: https://www.esp.ce.gov.br/2020/02/14/pessoas-de-cinco-a-19-anos-sao-publico-alvo-da-campanha-contra-o-sarampo/ . Acesso em:13 de mar. de 2023.

O texto é um(a)

A) panfleto. B) convite. C) campanha. D) cartilha. E) cartaz.

9- Habilidade S10.H05 - Leia o texto abaixo.

Afinal, como é que se joga mesmo o UNO?

É possivelmente um dos jogos que gera mais discussão quando o assunto é discutir as regras.
O UNO foi criado em 1971 por Merlin Robbins, um barbeiro de Ohio, Estados Unidos. O jogo foi criado após uma discussão entre pai e filho por causa das regras do jogo de cartas Oito Maluco, que tem regras semelhantes às do UNO e tem como objetivo ser o primeiro jogador a ficar sem cartas na mão.
Após um investimento de cerca de sete mil euros, os primeiros cinco mil baralhos foram feitos em casa pela família Robbins e pouco depois Merlin Robbins estava a vender o jogo aos seus clientes na barbearia. O sucesso foi tal que a família conseguiu vender o conceito do jogo por cerca de 44 mil euros, recebendo royalties de 9 cêntimos por cada baralho vendido. Em 1992, a marca de brinquedos norte-americana Mattel adquiriu o jogo, passando a vender o UNO em todo o mundo.

Como se joga UNO?

O jogo do UNO pode ser jogado por qualquer pessoa com 7 ou mais anos, embora haja versões do jogo para crianças mais pequenas. O jogo pode juntar um grupo de duas a dez pessoas e é composto por 108 cartas:
● 19 Cartas azuis, numeradas de 0 a 9;
● 19 Cartas verdes, numeradas de 0 a 9;
● 19 Cartas amarelas, numeradas de 0 a 9;
● 19 Cartas vermelhas, numeradas de 0 a 9;
● 8 Cartas de inversão de sentido (duas de cada cor);
● 8 Cartas de +2 (duas de cada cor);
● 8 Cartas de Pular (duas de cada cor);
● 4 Cartas de joker para troca de cor;
● 4 Cartas de joker troca de cor e +4.
O objetivo do UNO é ser o primeiro jogador a ficar sem cartas na mão. Para o efeito terá de jogar uma carta de cada vez, que corresponda ao número ou cor da carta jogada anteriormente. Quando tiver apenas uma carta na mão, deverá gritar “UNO”. O jogo termina quando os jogadores ficarem sem cartas na mão.

Como se começa um jogo do UNO?

O jogo começa com cada jogador a tirar uma carta do baralho, numerada de 0 a 9. Caso tire uma das cartas de ação, coloca essa carta no baralho e volta a tirar outra carta. A pessoa que tirar a carta mais alta fica responsável por baralhar as cartas e dar sete cartas, de face voltada para baixo a cada jogador. A pilha de cartas não distribuída fica ordenada ao lado da mesa, em pilha. O jogo inicia-se tirando uma carta de cima da pilha. De seguida, o jogador à esquerda pode dar início ao jogo.
No entanto, caso saia uma carta especial, o jogador à esquerda terá de seguir as regras indicadas na carta. A exceção é para o joker +4. Caso saia esta carta, esta deverá ser reposta no baralho e retirada outra.

Disponível em: https://magg.sapo.pt/cultura/artigos/afinal-como-e-que-se-joga-mesmo-ao-uno#:~:text=O%20objetivo%20do%20UNO%20%C3%A9,ficarem%20sem%20cartas%20na%20m%C3%A3o. Acesso: 02 de mar. de 2023. Adaptado.

O texto acima tem o propósito predominante de

A) apresentar as cartas do Uno.
B) apontar o objetivo do Uno.
C) ensinar como se joga Uno.
D) mostrar a origem do jogo Uno.
E) apresentar as regras do jogo de cartas Oito Maluco.

10- Habilidade S10.H07 - Leia o texto abaixo.


Miguel Paiva. O Estado de São Paulo. 05.10.88.

Nessa charge, a intenção do autor é fazer

A) uma crítica ao cumprimento dos direitos humanos.
B) uma afirmação de que tudo vai bem.
C) um elogio à política social.
D) um pedido de ajuda.

11-  Habilidade S11.H03 - Leia o texto a seguir.

Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo, pois ele não sabia nadar muito bem. A rã, que estava ali ociosa, ofereceu-se para ajudá-lo. O rato, embora soubesse nadar um pouco, ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda. A rã, ardilosa, disse que o rato prendesse uma perna a sua e assim ela o ajudaria a atravessar. O rato concordou e, encontrando um pedaço de fio, prendeu uma das suas pernas à rã. Mas, mal entraram no rio, a rã mergulhou, tentando afogar seu ingênuo companheiro. O rato, por sua vez, debatia-se com a rã para se manter à superfície e, antes que afundasse, foi visto por uma águia que sobrevoava a lagoa. A ave baixou sobre o rato e levou-o nas garras arrastando também a rã e, ainda no ar, comeu os dois animais.

ESOPO. As fábulas de Esopo. (Texto Adaptado). Tradução direta do grego, prefácio, introdução e notas de Manuel Aveleza de Sousa. Rio de Janeiro: Thex, 2002.

Qual ação indica a ingenuidade do rato?

A) “A ave [...] levou-o nas garras arrastando também a rã”.
B) “Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo”.
C) “O rato, [...] ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda”.
D) “A rã [...] ofereceu-se para ajudá-lo”.
E) “O rato [...] debatia-se com a rã para se manter à superfície”.

12- Habilidade S11.H06 - Leia o texto a seguir.

Era uma vez...numa terra muito distante... uma princesa linda, independente e cheia de autoestima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do
seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
— Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre.
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado
e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
— Eu, hein? Nem morta!

Luis Fernando Veríssimo.
Disponível em: https://www.pensador.com/autor/luis_fernando_verissimo/. Acesso em: 13 de mar. de 2023.

No trecho: “— Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.”, o discurso predominante é

A) direto, por tratar-se da fala da princesa para o sapo.
B) indireto, por tratar-se da fala do sapo para princesa.
C) direto e indireto, por tratar-se ora da fala do sapo e ora da fala da princesa.
D) direto, por tratar-se da fala do sapo para a princesa.
E) indireto, por ser uma fala do sapo traduzindo o que sente para a princesa.

13- Habilidade S12.H09 - Leia os textos a seguir.

Texto I


Disponível em: https://www.facebook.com/tirasarmandinho/posts/d41d8cd9/4302100059835267/. Acesso em: 13 de mar. de 2023.

Texto II


Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/117337885889/tirinha-original. Acesso em: 13 de mar. de 2023.

Nos dois textos, as ideias do pai de Armandinho são

A) indiferentes. B) dependentes. C) contraditórias. D) diferentes. E) semelhantes.


14- Habilidade S13.H03 - Leia os textos a seguir.

Texto I

Quando criança eu ODIAVA ler. Livros de escola me davam sono e eu nunca conseguia prender a atenção. Aos 14 anos vi uma amiga lendo A Pedra Filosofal. Ela perguntou se eu queria emprestado, fiz a simpática e aceitei.
Lembro de ler a primeira página achando q seria um porre e de repente estava presa. Harry Potter e a Pedra Filosofal acabou sendo o primeiro livro q li inteiro, q fez eu me apaixonar por leitura, q me fez conhecer um mundo mágico de fantasias. Depois disso nunca mais parei. E só tenho a agradecer a J. K. por isso.

Disponível em: https://www.bumbook.com.br/top/como-harry-potter-mudou-a-minha-vida/. Acesso em 06 de jun. de 2021.

Texto II

Quando vi Harry Potter pela primeira vez, eu ainda era só uma criança. Eu cresci junto com eles, e de certa forma, vivi cada uma das aventuras. Já tentei fazer feitiços com pedaços de madeira, já tive medo de dementadores, já achei que o gato da vizinha era animago, já dormi acreditando que no meio da noite, um gigante invadiria minha casa, e me diria que pertenço ao universo bruxo. Eu já ri, já chorei, já gritei, vibrei, esperei ansiosamente... Hoje, fazem dois anos que chegou o fim de uma era. Mas eu não quero acreditar que chegou ao fim, porque dentro de mim, isso nunca vai acabar. Eu sei, para muitos, isso é apenas uma história. Mas para mim, é muito mais do que isso. Harry Potter me tirou do mundo trouxa por dias. Foi meu consolo, minha alegria, meu refúgio. Me deu amigos. Me mostrou que a magia pode ser encontrada nos detalhes mais simples. Me ensinou que são as suas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos. Me ensinou que o mundo não se divide entre o bem e o mal; J. K. Rowling foi minha infância. Ela me mostrou que com mágica, tudo pode ser melhor. Harry Potter está mais presente em minha vida do que se pode imaginar. E sempre estará, Uma vez potterhead, sempre potterhead. Obrigada J. K., por me fazer acreditar na magia, mesmo vivendo nesse mundo louco de trouxas. Obrigada por cada um de vocês, que fizeram parte do elenco, e nos mostraram com tanta paixão um pouco deste mundo. Obrigada ao fandom, por ter continuado com esse amor louco até aqui. Obrigada a você, que leu esse texto até aqui. E obrigada ao bruxinho Potter. Não, espera. O senhor se enganou. Sabe, eu não posso ser um, um bruxo. Eu, sou o Harry, só Harry.

Érika. (via potter-facts)
Por Marilia Neustein. Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun. de 2021.

Os Textos I e II

A) comentam sobre livros diferentes.
B) tentam convencer o leitor a ler Harry Potter.
C) contam sobre como começaram a gostar da leitura.
D) usam a linguagem formal para narrar os fatos.
E) tratam sobre a relação dos autores com a leitura.

15- Habilidade S13.H04 - Leia os textos a seguir.

Texto I

Dia 19 de março é o dia dedicado a São José.

O nordestino acredita que se chover neste dia o inverno será bom trazendo grande fartura.

Viva São José!!!

SÃO JOSÉ E A CHUVA
Tomara que chova hoje,
Em meu querido rincão
Quero fartura de milho,
Pras bandas do meu sertão.
Apostando em São José
O santo que tenho fé.
Vou fazer minha oração.
Meu querido São José,
Mande chuva de verdade
Pra nascer milho na roça,
De mim tenha piedade!
Quero pular a fogueira,
Comer milho e macaxeira,
Quero matar a saudade.

Texto de Dalinha Catunda Fonte: Cordel de Saia

Disponível em: http://acordacordel.blogspot.com/2012/03/marco-o-mes-de-sao-jose.html. Acesso em: 17 de mar. de 2023.

Texto II

Chuva no Dia de São José é sinal de "bom inverno"? Veja o que mostra o histórico

O Dia de São José, celebrado a cada 19 de março, teve chuva em todos os últimos 21 anos no Ceará, mas nesse período apenas 2020, 2009 e 2008 terminaram com uma estação chuvosa acima da média histórica 

O 19 de março marca o feriado de São José, considerado padroeiro do Ceará. Uma das crenças populares sustenta que, se chover na data, é sinal de um bom período chuvoso — tradicionalmente chamado pelo sertanejo de "bom inverno", ainda que não coincida com o inverno astronômico. A época das chuvas no Ceará, a rigor, ocorre entre o verão e o outono. Mas, voltando a São José, registros históricos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mostram que não há correlação entre as precipitações nesse dia e a qualidade da quadra chuvosa cearense, que vai de fevereiro a maio.
O Dia de São José registrou chuva em todos os últimos 21 anos no Ceará, mas, nesse período apenas 2020, 2009 e 2008 terminaram com uma estação chuvosa acima da média histórica, que é de 695,8 milímetros (mm). Em 2008, o Dia de São José teve o maior número de municípios com chuvas: 159 de um total de 184. Ao todo, nove anos dessa série temporal tiveram chuvas abaixo da média histórica. Outros nove apresentaram índices pluviométricos dentro da média.
Conforme a gerente da meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, a expectativa sobre data é pode ser explicada cientificamente. "Em anos de boas chuvas nessa época do ano já teríamos a presença da Zona de Convergência Intertropical [sistema que influencia chuvas no Nordeste] trazendo aquela chuva generosa que a gente precisa aqui no Estado. No entanto, os dados mostram que nem sempre chuva no dia 19 de março significa, necessariamente, uma boa estação chuvosa", pontua.
Meiry aponta anos nos quais choveu muito no Ceará, em diferentes cidades, mas as estações chuvosas ficaram abaixo da média, como em 2013 e em 2012. "Para 2021, a previsão é de chances de chuva em todo o Estado e as regiões mais beneficiadas são a região da Ibiapaba, o Litoral Norte, a região Jaguaribana e o Cariri", afirma.
Crateús, no Sertão cearense, registrou a maior chuva no feriado de tradição católica durante o período considerado, com 196,5 mm, em 2003. De 2000 até 2020, a menor entre as chuvas no dia do padroeiro do Estado ocorreu no ano de 2004, em Sobral, na Região Norte, contabilizando 42 mm.
Porém, a crença que relaciona as chuvas da estação ao Dia de São José nem sempre é relacionada à chuva específica no dia 19 de março. Muitos dos antigos relataram que o sinal se o período chuvoso seria bom ou ruim podia ser percebido não pelas chuvas no dia. O fundamental era se as chuvas do ano começavam a cair em boa quantidade até o dia do padroeiro. Se não chovesse até 19 de março, então o ano seria de seca. O fato é que, no imaginário, as chuvas deste dia passaram a ser fundamentais.

Equinócio de outono 

O feriado de São José está próximo ao equinócio de outono, que acontece no dia 20 de março. Esse fenômeno astronômico é o momento exato em que o sol passa pelo equador celeste. O equinócio representa o posicionamento médio do sol em relação à Terra. "Isto é, nenhum dos hemisférios está inclinado em relação ao astro e seus raios incidem diretamente sobre a Linha do Equador, iluminando igualmente os dois hemisférios", detalha Meiry Sakamoto, da Funceme.
O fenômeno ocorre em dois momentos do ano: março e setembro. Devido à mesma intensidade dos raios solares em ambos os hemisférios, os dias e as noites possuem a mesma duração. O outono que começa após o equinócio de outubro é caracterizado por temperaturas mais amenas e um tempo mais fresco.
"Nas regiões Sudeste e Sul as árvores começam a ter suas folhas amarelando ou até caindo. Aqui no Ceará não percebemos essas mudanças nas estações do ano em outras regiões porque o Estado está muito próximo da Linha do Equador", conclui a meteorologista.

Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2018/03/descubra-por-que-sao-jose-e-o-padroeiro-do-ceara.html. (Adaptado)

Nos textos, podemos verificar que

A) no texto I, a informação sobre São José é objetiva, longe de emoções, quereres do eu-lírico.
B) no texto II, a informação sobre São José é subjetiva, carregada de emoções, cheia de sentimentos de
sertanejos que creem no Santo.
C) no texto I, a informação sobre São José vem em versos, é carregada de emoções, traz a voz de um sertanejo sobre sua crença sobre São José.
D) no texto I, as informações vêm em gráficos para parecerem mais objetivas e mostrarem a importância de São José para a chuva.
E) no texto II, a informação vem através de falas de sertanejos em que cada um dá um ponto de vista pessoal sobre a importância da chuva e de São José.

16- Habilidade S13.H06 - Leia os textos a seguir.

Texto I

Um dos primeiros registros que levam à criação do Horário de Verão é de 1784, quando Benjamin Franklin, nos Estados Unidos, notou que em certos meses do ano o sol nascia antes da média de horário em que as pessoas acordavam. Com isso, ele espalhou — sem sucesso — a ideia de que todos poderiam acordar mais cedo para desfrutar da luz do dia por um período maior. Depois disso, o método foi adotado em vários países do mundo durante momentos específicos — como pelos países europeus ao longo da Primeira Guerra Mundial. Aqui no Brasil, o horário de verão foi adotado pela primeira vez, em 1931, pelo então presidente Getúlio Vargas por meio de decreto em todo território nacional. No entanto, não foi constante, e acabou sendo revogada e adotada novamente anos seguintes. A mudança do horário, em uma hora, passou a ser ininterrupta a partir de 1985. Mas foi só em 2008 que foi regulamentada por decreto-lei. Por levar a população a voltar uma hora no relógio para alinhar o início do dia com o período solar, o horário de verão é um recurso que ajudava na redução do consumo de energia, especialmente por volta das 18h até 21h, quando costuma ocorrer um pico de consumo de energia. Porém, desde o início de 2019, foi revogado o Horário Brasileiro de Verão. A decisão de manter o recurso inativo pelo segundo ano consecutivo se deu após estudos realizados pelo Ministério de Minas e Energia que demonstraram a baixa efetividade dessa ação.

Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/01/14/horario-de-verao-deixou-saudades-ou-foi-emboratarde.htm?cmpid=copiaecola. Acesso: 30 de jun. de 2021. (ADAPTADO).

Texto II

Horário de verão, seu lindo

Nem me venha com chororô. Com cara de bode, reclamações. Horário de verão é vida. Anuncia o que vem de bom por aí: vestido rodado e rasteirinha. É hora de guardar o casaco no armário, deixar de lado as peças pretas, o ar elegante de Europa. A hora é de tropicalismo. Ele chegou, com a sua horinha a mais, fazendo as pessoas darem aquela arrastada no dia. Sei que esse é um assunto de dividir opiniões, mas vou defender aqui essa opção de vida. (...) Ora, somos um país tropical. Essa é a nossa temperatura, o nosso horário. O dia dura mais, a noite cai devagar.
(...)
Dizem que ele (o horário de verão) foi feito para economia de energia. Mas, para mim, ele é o contrário: nada econômico. É o esbanjar da alegria, faz o sol brilhar mais forte e por mais tempo. Dizem, também, que ele pode fazer mal para o coração, mas eu não acredito. Ele é dourado, é pele quentinha depois de um dia de praia. Não dá pra viver assim para sempre e por isso gosto também que ele seja temporário. E também não é unânime: deixa algumas pessoas felizes e outras frustradas, assim como a vida. Por isso eu digo para ele: bem-vindo, amigo.

Por Marilia Neustein. Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun. de 2021.

Sobre os Textos I e II é correto afirmar que

A) os dois trazem informações impessoais sobre o horário de verão.
B) o Texto I traz informações impessoais, enquanto o Texto II, pessoais.
C) o Texto I traz informações pessoais, enquanto o Texto II, impessoais.
D) o Texto I traz uma opinião sobre o horário de verão, enquanto que o Texto II informa sem tomar posição.
E) os Textos I e II são literários, marcados pela pessoalidade e sensibilidade de seus autores.

17-  Habilidade S14.H04 - Leia o texto a seguir.

Desejo secreto

Susanabela nem não acreditava, senão o homem do noticiário insistia: “Papai Noel estará neste domingo no shopping, aquele mesmo pertinho de você!”
Por trás dos olhos arregalados soluçava a duvidar do aparelho de TV: “Ele? Aqui?”
Trazia, nos pouco mais de trinta anos, uma beleza sofrida e esquiva. Após ser largada por Genésio, o único e infeliz amor de sua existência, que a trocou justamente pela irmã, a caçula, decidira largar de vez a sua cidadezinha de sempre e buscar sustento em casa de família na capital, à custa da necessidade, rotinando as únicas prendas de sua vida: varrer, lavar, passar, cozinhar.
Fazia apenas alguns meses. Morava num quartinho reversível dos fundos, ao lado da área de serviço, por trás do tanque. Sem família, sem amigos, sem ninguém, abria mão até dos finais de semana, simplesmente por não ter, ou saber, o que fazer fora dali. Não besta, a patroa a explorava carinhosamente, rasgando-a de cínicos elogios toda vez que a surpreendia passando as roupas no perfeito domingo, de costas para o café da manhã bem-posto, inda quentinho, na mesa de vista para o céu mais azul e livre deste mundo.
Mas naquele domingo não. A patroa acordou de cara emburrada, estranhando a empolgação da empregada no enfeito em tamancos, e o nada de café nem de janela azul.
“É namorado, não é? Olhe, tome cuidado com os rapazes daqui, Susanabela. Só querem mesmo é tirar uma casquinha... E você, me desculpe, é uma tonta!”
“É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre. É mais do que isso... é um sonho!”
Não ouvia, pois estava cheia de seus próprios sons. A patroa resmungava: “Serviço bom como este aqui
vai ser difícil conseguir outro, visse?”
Susanabela quase abria os portões do shopping. Desfiava conversa com o segurança, os zeladores e taxistas. Mais ansiosa que caldeira de trem, numa felicidade estranhamente sincera, perguntava: "Vocês não vão falar com o Papai Noé, não?"
Riam-se. Entre eles, apontavam para ela, meneavam a cabeça: “Não pode ser desse mundo.”
Com pouco, a fila se esticou de crianças e de pais sonolentos de boa vontade. Ao fim, chegava ele, o tal
Noel, passando por ela num acolchoado encarnado e luminoso sem dar-lhe a mínima atenção, rumo ao seu trono. Ela, a primeira da fila, postava-se passiva e trêmula, enquanto as ajudantes do velhote lhe perguntavam pelos filhos: Não os tinha.
Daí, o canastrão, desconfortavelmente sentado na poltrona decorada, pôs-se ao papel, lançando um afônico Hou-hou-hou e chamando Susanabela: “E então, minha filha, o que você quer de seu Papai Noel?” Era o que faltava. Susana livrou-se dos tamancos, saltou em seu colo, beijou o blush de seu rosto e, num abraço caloroso e fatal, sussurrou-lhe ao ouvido: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha? Agora quero que você morra
ela.... Morra ela, pra mim, Papai Noé, por favor!”

Raymundo Netto.
Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/colunas/raymundonetto/2018/12/desejo-secreto.html. Acesso: 10 de mar. de 2023.

No trecho: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha?” (12o parágrafo), a palavra destacada refere-se a/ao(s)

A) Genésio. B) segurança. C) dona Rubi. D) Papai Noel. E) ajudantes do velhote.

18- Habilidade S15.H02 - Leia o texto a seguir.

CORPO EM MOVIMENTO É CORPO SAUDÁVEL

Quem quer viver bem e com saúde não pode abrir mão de dois pilares básicos: alimentação equilibrada e atividade física regular. Em tempos de ritmo de vida acelerado, com inúmeras tarefas a cumprir, encontrar um tempo para a prática de exercícios físicos fica cada vez mais difícil e aumenta os riscos para uma série de doenças evitáveis.
A prática regular de atividade física faz bem para a mente e o corpo e é recomendada para todas as idades. Os benefícios vão muito além de manter ou perder peso. Entre as vantagens para a saúde estão a redução do risco de hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes, câncer de mama e de cólon, depressão e quedas em geral. Além disso, a atividade física fortalece ossos e músculos, reduz ansiedade e estresse e melhora a disposição e estimula o convívio social. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada (cerca de 20 minutos por dia) ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana (cerca de 10 minutos por dia). Mas a falta de tempo com a rotina apertada de trabalho, estudo, cuidados com a casa, faz com que muitas pessoas não façam nenhuma atividade física.
As pessoas sedentárias têm de 20% a 30% mais risco de morte por doenças crônicas, como doenças do coração e diabetes, que as pessoas que realizam ao menos 30 minutos de atividade física moderada, cinco vezes por semana. Por isso, é fundamental planejar a rotina para praticar atividade física e alcançar uma melhor qualidade de vida. Para aqueles que ainda não conseguem reservar o tempo ideal, qualquer atividade, ainda que de curta duração, já é uma importante evolução.
A prática regular de atividades físicas proporciona mais disposição para realizar outras tarefas, mais força, flexibilidade e capacidade funcional, entre muitos outros benefícios.
Antes de iniciar a prática de exercícios é importante que seja realizado exame clínico para verificar o estado geral de saúde da pessoa e, assim, definir o melhor tipo de atividade e a intensidade indicada. Além disso, o ideal é que o exercício seja acompanhado por um profissional capacitado para diminuir o risco de lesões.
Quem pratica atividade física não pode se descuidar da alimentação. O consumo de alimentos saudáveis, em horários e quantidade adequados, potencializa os benefícios dos exercícios, contribuindo para mais saúde e bem-estar.

Disponível em: https://copass-saude.com.br/posts/corpo-em-movimento-e-corpo-saudavel. Acesso: 27 de fev. de 2023.

A tese do texto é

A) “a redução do risco de hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, diabetes, câncer de mama e de cólon, depressão e quedas em geral” (1o parágrafo).
B) “Quem pratica atividade física não pode se descuidar da alimentação” (5o parágrafo).
C) “A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada” (1o parágrafo).
D) “a atividade física fortalece ossos e músculos, reduz ansiedade e estresse e melhora a disposição e estimula o convívio social” (1o parágrafo).
E) “a prática regular de atividade física faz bem para a mente e o corpo e é recomendada para todas as idades” (1o parágrafo)..

19- Habilidade S16.H03 - Leia o texto a seguir.

A construção da Felicidade

Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade. Essa palavrinha muitas vezes nos confunde mesmo. Seremos felizes quando encontrarmos o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando tivermos o emprego dos sonhos? Ou quando ganharmos dinheiro suficiente para não mais precisar trabalhar? Ou quando esclarecermos qual é o nosso propósito? Seria a felicidade um lugar ao qual chegaremos e lá estacionarem nossa vida para sempre?
Com o advento das redes sociais em que projetamos vidas perfeitamente editadas, a felicidade até parece estar mesmo nesses inesgotáveis desejos exteriores, que só nos geram emoções aflitivas e que certamente têm grande colaboração para o estado geral de ansiedade que vivenciamos hoje em dia.
Mas, afinal, onde encontrar essa tal felicidade? De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida. “Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta.”, escreveu o monge budista Matthieu Ricard, no seu livro Felicidade: a prática do bem-estar, de 2015 (Editora Palas Athena).
Não nos tornamos felizes do dia para a noite, mas graças a um trabalho paciente, construído dia após dia, com ou sem ajuda. As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo. Mas vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade.
É preciso muita vontade, disposição e resiliência, pois se trata de uma jornada que não tem um tempo definido para acontecer. O fato é que, sem paz interior e sabedoria, não temos nada do que realmente é necessário para sermos felizes. E é muito fácil desperdiçar nossa vida sem notar essa verdade, correndo para todo lado sem chegar a algum lugar em busca de algo que se encontram, veja só, no interior de cada um. Governos, empresas e profissionais podem nos auxiliar, mas para que a felicidade nos encontre é preciso, antes de mais nada, começar a construí-la dentro da gente.

Luciana Pianaro. Revista Vida Simples. n. 243. 2022

O argumento de autoridade presente no texto é

A) “As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo” (4o parágrafo).
B) "Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta” (3o parágrafo).
C) “De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida” (3o parágrafo).
D) “Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade" (1o parágrafo).
E) “Vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade” (4o parágrafo).

20- Habilidade S17.H03 - Leia o texto a seguir.

Perdoa (Raça Negra)

Perdoa, por eu ter te escolhido

Para ser pra sempre a minha companhia
Perdoa por eu ter acreditado neste sonho todo dia
Perdoa por eu ter te perdoado
Na hora que devia te esquecer
Perdoa por eu ter me preparado e me guardado pra você
Eu te solto, eu não te prendo
Eu te livro faz o que é preciso
Eu não posso, eu não quero
Te obrigar a me querer na tua vida
Desenganos, vem, acontecem
Desenganos vão, desaparecem
Eu não posso, eu não vou forçar
A barra pra você gostar de mim
Quem sabe amanhã talvez, quem sabe
O tempo coloca tudo no seu lugar
Se vou te esperar ou não, quem sabe
Aquilo que tem que ser será
Eu te solto, eu não te prendo
Eu te livro faz o que é preciso
Eu não posso, eu não quero
Te obrigar a me querer na tua vida
Desenganos, vem, acontecem
Desenganos vão, desaparecem
Eu não posso, eu não vou forçar
A barra pra você gostar de mim
Quem sabe amanhã talvez, quem sabe
O tempo coloca tudo no seu lugar
Se vou te esperar ou não, quem sabe
Aquilo que tem que ser será.

Disponível em: https://www.letras.mus.br/raca-negra/116922/ . Acesso em: 15 de mar. de 2023.

No trecho

“Quem sabe amanhã talvez, quem sabe”

A palavra destacada indica

A) dúvida. B) afirmação. C) negação. D) modo. E) intensidade.

21- Habilidade S18.H03 - Leia o texto a seguir.

O que mais você quer?

Era uma festa familiar, dessas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia: "Olha pra essa menina. Sempre com essa cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"
(...)

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008. (Adaptado)

O trecho: “Tem emprego, marido, filho” dá ao texto um sentido de

A) fuga. B) rotina. C) sofrimento. D) medo. E) plenitude.

22- Habilidade S19.H03 - Leia o texto a seguir.

Passe em casa (Marisa Monte)

Passam pássaros e aviões
E no chão os caminhões
Passa o tempo, as estações
Passam andorinhas e verões
Passa em casa
Tô te esperando, tô te esperando
Passa em casa
Tô te esperando, tô te esperando
Estou esperando visita
Tão impaciente e aflita
Se você não passa no morro
Eu quase morro, eu quase morro
Estou implorando socorro
Ou quase morro, ou quase morro
Vida sem graça se você não passa no morro
Já estou pedido que
Passe um tempo, passe lá
Passo mal com os meus lençóis
Passe agora, passe enfim
Um momento pra ficarmos sós

Passe em casa
Tô te esperando, tô te esperando
Passe em casa
Tô te esperando, tô te esperando
Estou esperando visita
Tão impaciente e aflita
Se você não passa no morro
Eu quase morro, eu quase morro
Estou implorando socorro
Ou quase morro, ou quase morro
Vida sem graça
Se você não passa no morro
Já estou pedindo que
Passem pássaros e aviões
E no chão os caminhões
Passe o tempo as estações
Passem andorinhas e verões
Passe em casa...

Disponível em: https://www.ouvirmusica.com.br/marisa-monte/515202/. Acesso em: 15 de mar de 2023.

No trecho: “Se você não passa no morro, eu quase morro” (4o estrofe) as palavras destacadas têm sentido de

A) lugar.
B) cidade.
C) finalização a vida.
D) lugar e perder a vida, respectivamente.
E) perder a vida e lugar, respectivamente.

23- Habilidade S20.H04 - Leia o texto a seguir.

Desejo secreto

Susanabela nem não acreditava, senão o homem do noticiário insistia: “Papai Noel estará neste domingo no shopping, aquele mesmo pertinho de você!”
Por trás dos olhos arregalados soluçava a duvidar do aparelho de TV: “Ele? Aqui?”
Trazia, nos pouco mais de trinta anos, uma beleza sofrida e esquiva. Após ser largada por Genésio, o único e infeliz amor de sua existência, que a trocou justamente pela irmã, a caçula, decidira largar de vez a sua cidadezinha de sempre e buscar sustento em casa de família na capital, à custa da necessidade, rotinando as únicas prendas de sua vida: varrer, lavar, passar, cozinhar.
Fazia apenas alguns meses. Morava num quartinho reversível dos fundos, ao lado da área de serviço, por trás do tanque. Sem família, sem amigos, sem ninguém, abria mão até dos finais de semana, simplesmente por não ter, ou saber, o que fazer fora dali. Não besta, a patroa a explorava carinhosamente, rasgando-a de cínicos elogios toda vez que a surpreendia passando as roupas no perfeito domingo, de costas para o café da manhã bem-posto, inda quentinho, na mesa de vista para o céu mais azul e livre deste mundo.
Mas naquele domingo não. A patroa acordou de cara emburrada, estranhando a empolgação da empregada no enfeito em tamancos, e o nada de café nem de janela azul.
“É namorado, não é? Olhe, tome cuidado com os rapazes daqui, Susanabela. Só querem mesmo é tirar
uma casquinha... E você, me desculpe, é uma tonta!”
“É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre. É mais do que isso... é um sonho!”
Não ouvia, pois estava cheia de seus próprios sons. A patroa resmungava: “Serviço bom como este aqui
vai ser difícil conseguir outro, visse?”
Susanabela quase abria os portões do shopping. Desfiava conversa com o segurança, os zeladores e taxistas. Mais ansiosa que caldeira de trem, numa felicidade estranhamente sincera, perguntava: "Vocês não vão falar com o Papai Noé, não?"
Riam-se. Entre eles, apontavam para ela, meneavam a cabeça: “Não pode ser desse mundo.”
Com pouco, a fila se esticou de crianças e de pais sonolentos de boa vontade. Ao fim, chegava ele, o tal
Noel, passando por ela num acolchoado encarnado e luminoso sem dar-lhe a mínima atenção, rumo ao seu trono.
Ela, a primeira da fila, postava-se passiva e trêmula, enquanto as ajudantes do velhote lhe perguntavam pelos filhos: Não os tinha.
Daí, o canastrão, desconfortavelmente sentado na poltrona decorada, pôs-se ao papel, lançando um  afônico Hou-hou-hou e chamando Susanabela: “E então, minha filha, o que você quer de seu Papai Noel?” Era o que faltava. Susana livrou-se dos tamancos, saltou em seu colo, beijou o blush de seu rosto e, num abraço caloroso e fatal, sussurrou-lhe ao ouvido: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha? Agora quero que você morra ela.... Morra ela, pra mim, Papai Noé, por favor!”

Raymundo Netto.
Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/colunas/raymundonetto/2018/12/desejo-secreto.html. Acesso: 10 de mar. de 2023.

No trecho: “É mais do que isso... é um sonho!” (7o parágrafo), as reticências indicam

A) hesitação. B) emotividade. C) ausência de resposta. D) interrupção. E) enumeração indefinida.

24- Habilidade S21.H06 - Leia o texto a seguir.

Caso de recenseamento

O agente do recenseamento vai bater na casa de subúrbio longínquo, aonde nunca chegam as notícias.
– Não quero comprar nada.
– Eu não vim vender, minha senhora. Estou fazendo o censo da população e lhe peço o favor de me ajudar.
– Ah moço, não estou em condições de ajudar ninguém. Tomara eu que Deus me ajude. Com licença, sim?
E fecha-lhe a porta.
Ele bate de novo.
– O senhor, outra vez?! Não lhe disse que não adianta pedir auxílio?
– A senhora não me entendeu bem, desculpe. Desejo que me auxilie mas é a encher esse papel. Não vai pagar nada, não vou tomar nada. Basta responder a umas perguntinhas.
– Não vou responder a perguntinha nenhuma, estou muito ocupada, até logo!
A porta é fechada de novo, de novo o agente obstinado tenta restabelecer o diálogo.
– Sabe de uma coisa? Dê o fora depressa antes que eu chame meu marido!
– Chame sim, minha senhora, eu me explico com ele.
(Só Deus sabe o que irá acontecer. Mas o rapaz tem uma ideia na cabeça: é preciso preencher o questionário, é preciso preencher o questionário, é preciso preencher o questionário).
– Que é que há? – resmunga o marido, sonolento, descalço e sem camisa, puxado pela mulher.
– É esse camelô aí que não quer deixar a gente sossegada!
– Não sou camelô, meu amigo, sou agente do censo...
– Agente coisa nenhuma, eles inventam uma besteira qualquer, depois empurram a mercadoria! A gente não pode comprar mais nada este mês, Ediraldo! [...]

ANDRADE, Carlos Drummond. Caso de recenseamento. In: Para gostar de ler. v. 2. Crônicas. São Paulo: Ática, 1995. p. 30-31.

Nesse texto, a repetição da expressão “é preciso preencher o questionário,” evidencia que o agente é

A) esquecido. B) ignorante. C) tolerante. D) focado. E) sonolento.

25- Habilidade S22.H04 - Leia o texto a seguir.

A Foto (Luís Fernando Veríssimo)

Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar
uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez.
A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados
pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? – Tira você mesmo, ué. – Ah, é? E eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. – Tiro eu - disse o marido da Bitinha. – Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher.
A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: – Acho que quem deve tirar é o Dudu... O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho. – Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
– Revezamento - sugeriu alguém. – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. – Dá aqui. – Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.

Disponível em: https://www.culturagenial.com/cronicas-engracadas-de-luis-fernando-verissimo-comentadas/. Acesso em: 28 de fev. de 2023.

O trecho que indica ironia é:

A) “O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na
fotografia” (3o parágrafo).
B) “Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo” (4o parágrafo).
C) “– Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido!” (6o parágrafo).
D) “Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!” (5o parágrafo).
E) “– Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi sepultada em protestos” (6o parágrafo).

26- Habilidade S23.H05 - Leia o texto a seguir.

Desejo secreto

Susanabela nem não acreditava, senão o homem do noticiário insistia: “Papai Noel estará neste domingo no shopping, aquele mesmo pertinho de você!”
Por trás dos olhos arregalados soluçava a duvidar do aparelho de TV: “Ele? Aqui?”
Trazia, nos pouco mais de trinta anos, uma beleza sofrida e esquiva. Após ser largada por Genésio, o único e infeliz amor de sua existência, que a trocou justamente pela irmã, a caçula, decidira largar de vez a sua cidadezinha de sempre e buscar sustento em casa de família na capital, à custa da necessidade, rotinando as únicas prendas de sua vida: varrer, lavar, passar, cozinhar.
Fazia apenas alguns meses. Morava num quartinho reversível dos fundos, ao lado da área de serviço, por trás do tanque. Sem família, sem amigos, sem ninguém, abria mão até dos finais de semana, simplesmente por não ter, ou saber, o que fazer fora dali. Não besta, a patroa a explorava carinhosamente, rasgando-a de cínicos elogios toda vez que a surpreendia passando as roupas no perfeito domingo, de costas para o café da manhã bem-posto, inda quentinho, na mesa de vista para o céu mais azul e livre deste mundo.
Mas naquele domingo não. A patroa acordou de cara emburrada, estranhando a empolgação da empregada no enfeito em tamancos, e o nada de café nem de janela azul.
“É namorado, não é? Olhe, tome cuidado com os rapazes daqui, Susanabela. Só querem mesmo é tirar
uma casquinha... E você, me desculpe, é uma tonta!”
“É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre. É mais do que isso... é um sonho!”
Não ouvia, pois estava cheia de seus próprios sons. A patroa resmungava: “Serviço bom como este aqui
vai ser difícil conseguir outro, visse?”
Susanabela quase abria os portões do shopping. Desfiava conversa com o segurança, os zeladores e taxistas. Mais ansiosa que caldeira de trem, numa felicidade estranhamente sincera, perguntava: "Vocês não vão falar com o Papai Noé, não?"
Riam-se. Entre eles, apontavam para ela, meneavam a cabeça: “Não pode ser desse mundo.”
Com pouco, a fila se esticou de crianças e de pais sonolentos de boa vontade. Ao fim, chegava ele, o tal
Noel, passando por ela num acolchoado encarnado e luminoso sem dar-lhe a mínima atenção, rumo ao seu trono.
Ela, a primeira da fila, postava-se passiva e trêmula, enquanto as ajudantes do velhote lhe perguntavam pelos filhos: Não os tinha.
Daí, o canastrão, desconfortavelmente sentado na poltrona decorada, pôs-se ao papel, lançando um  afônico Hou-hou-hou e chamando Susanabela: “E então, minha filha, o que você quer de seu Papai Noel?” Era o que faltava. Susana livrou-se dos tamancos, saltou em seu colo, beijou o blush de seu rosto e, num abraço caloroso e fatal, sussurrou-lhe ao ouvido: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha? Agora quero que você morra ela.... Morra ela, pra mim, Papai Noé, por favor!”

Raymundo Netto.
Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/colunas/raymundonetto/2018/12/desejo-secreto.html. Acesso: 10 de mar. de 2023.

No trecho: “É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre." (7o parágrafo), evidencia-se o uso da linguagem

A) formal. B) jurídica. C) escolar. D) regional. E) literária.


GABARITO

1- C
2- C
3- C
4- B
5- A
6- D
7- C
8- C
9- C
10- A
11- C
12- D
13- E
14- E
15- C
16- B
17- D
18- E
19- B 
20- A
21- E
22- D
23- B
24- D
25- D
26- D

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