segunda-feira, 2 de outubro de 2023

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE PORTUGUÊS 1 - SAEB / SPAECE / ENEM


1- Leia o texto a seguir.

Na minha cozinha, estão penduradas quatro fotografias de um grafite que vi pela primeira vez num canteiro de obras, anos atrás, enquanto caminhava para dar aula na Universidade Yale. A frase — “a busca pelo amor continua, mesmo diante das improbabilidades” — estava pintada em cores vivas. Naquela época, recém-separada de um companheiro depois de quase quinze anos juntos, eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de dor carregava meu coração e minha alma. Dominada pela sensação de ser arrastada para debaixo d’água, de me afogar, procurava constantemente âncoras que me mantivessem na superfície, que me puxassem em segurança de volta para a margem. A frase nos tapumes da construção, junto a desenhos infantis de animais não identificáveis, sempre animava meu espírito. Toda vez que eu passava pelo canteiro de obras, a afirmação da possibilidade do amor se espalhando pelo quarteirão me dava esperança.

Assinada com o primeiro nome de um artista local, a pintura falou ao meu coração. Ao ler aquelas palavras, eu tinha certeza de que o artista estava passando por uma crise em sua vida, de que já tinha confrontado a perda ou estava diante de sua possibilidade. Na minha cabeça, mantinha conversas imaginárias com ele a respeito do significado do amor. Eu lhe contava que seu grafite divertido havia me ancorado e me ajudado a restaurar a fé no amor.

Falava sobre como a promessa de um amor esperando para ser encontrado, um amor pelo qual eu ainda podia esperar, me erguia do abismo em que tinha caído. Meu luto era uma tristeza pesada e desesperadora, causada pela separação de um companheiro de muito anos, mas, o que é mais importante, era um desespero enraizado no medo de que o amor não existisse, de que não pudesse ser encontrado. Ainda que ele estivesse à espreita por aí, talvez jamais o conhecesse em minha vida. Havia se tornado difícil, para mim, continuar acreditando na promessa do amor quando, para qualquer lugar que eu olhasse, o encantamento do poder ou o terror do medo ofuscavam o desejo de amar. Um dia, a caminho do trabalho, ansiosa pela meditação diária provocada pela visão do grafite, fiquei chocada ao ver que a construtora havia coberto a pintura com uma tinta branca muito brilhante, sob a qual era possível ver os traços esmaecidos da arte original. Chateada com o fato de que aquilo que tinha se tornado um ritual de afirmação da graça do amor já não estava mais lá para me acolher, contei para todo mundo sobre a minha decepção. (...)

Depois de muito procurar, localizei o artista e conversei com ele pessoalmente sobre o significado do amor. Falamos sobre a forma como a arte pública pode ser um veículo para compartilhar pensamentos de afirmação da vida. E nós dois expressamos nosso pesar e nossa contrariedade com o fato de a construtora ter coberto insensivelmente uma mensagem de amor tão poderosa. Para que eu me lembrasse dos muros, ele me deu fotografias do grafite. Desde que nos conhecemos, em todos os lugares onde morei, mantive as fotos sobre a pia da cozinha. Todos os dias, quando bebo água ou pego um prato no armário, paro diante desse lembrete de que todos ansiamos por amor — todos o buscamos —, mesmo quando não temos esperança de que ele possa ser de fato encontrado.

HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

A personagem ficou chateada no caminho para o trabalho por

A) ter visto quatro fotografias de grafite num canteiro de obras na ida para o trabalho.
B) estar recém-separada depois de quase quinze anos juntos.
C) ter visto fotos de grafite sobre sua pia de cozinha.
D) ter conversado com um artista de rua sobre o significado de amor.
E) ter sido coberto o grafite com uma tinta branca brilhante.

2- Leia o texto a seguir.

Na minha cozinha, estão penduradas quatro fotografias de um grafite que vi pela primeira vez num canteiro de obras, anos atrás, enquanto caminhava para dar aula na Universidade Yale. A frase — “a busca pelo amor continua, mesmo diante das improbabilidades” — estava pintada em cores vivas. Naquela época, recém-separada de um companheiro depois de quase quinze anos juntos, eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de dor carregava meu coração e minha alma. Dominada pela sensação de ser arrastada para debaixo d’água, de me afogar, procurava constantemente âncoras que me mantivessem na superfície, que me puxassem em segurança de volta para a margem. A frase nos tapumes da construção, junto a desenhos infantis de animais não identificáveis, sempre animava meu espírito. Toda vez que eu passava pelo canteiro de obras, a afirmação da possibilidade do amor se espalhando pelo quarteirão me dava esperança. Assinada com o primeiro nome de um artista local, a pintura falou ao meu coração. Ao ler aquelas palavras, eu tinha certeza de que o artista estava passando por uma crise em sua vida, de que já tinha confrontado a perda ou estava diante de sua possibilidade. Na minha cabeça, mantinha conversas imaginárias com ele a respeito do significado do amor. Eu lhe contava que seu grafite divertido havia me ancorado e me ajudado a restaurar a fé no amor. Falava sobre como a promessa de um amor esperando para ser encontrado, um amor pelo qual eu ainda podia esperar, me erguia do abismo em que tinha caído. Meu luto era uma tristeza pesada e desesperadora, causada pela separação
de um companheiro de muito anos, mas, o que é mais importante, era um desespero enraizado no medo de que o amor não existisse, de que não pudesse ser encontrado. Ainda que ele estivesse à espreita por aí, talvez jamais o conhecesse em minha vida. Havia se tornado difícil, para mim, continuar acreditando na promessa do amor quando, para qualquer lugar que eu olhasse, o encantamento do poder ou o terror do medo ofuscavam o desejo de amar. Um dia, a caminho do trabalho, ansiosa pela meditação diária provocada pela visão do grafite, fiquei chocada ao ver que a construtora havia coberto a pintura com uma tinta branca muito brilhante, sob a qual era possível ver os traços esmaecidos da arte original. Chateada com o fato de que aquilo que tinha se tornado um ritual de afirmação da graça do amor já não estava mais lá para me acolher, contei para todo mundo sobre a minha decepção. (...) Depois de muito procurar, localizei o artista e conversei com ele pessoalmente sobre o significado do amor. Falamos sobre a forma como a arte pública pode ser um veículo para compartilhar pensamentos de afirmação da vida. E nós dois expressamos nosso pesar e nossa contrariedade com o fato de a construtora ter coberto insensivelmente uma mensagem de amor tão poderosa. Para que eu me lembrasse dos muros, ele me deu fotografias do grafite. Desde que nos conhecemos, em todos os lugares onde morei, mantive as fotos sobre a pia da cozinha. Todos os dias, quando bebo água ou pego um prato no armário, paro diante desse lembrete de que todos ansiamos por amor — todos o buscamos —, mesmo quando não temos esperança de que ele possa ser de fato encontrado.

HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

No texto, infere-se uma crítica política-social

A) às pessoas que não compreendem a arte de rua.
B) à falta de valorização das construtoras pela arte de rua.
C) aos artistas que sempre estão sujando as ruas.
D) às construtoras que têm projetos para preservar a arte de rua.
E) à ausência de compreensão das pessoas sobre o que é o amor

3- Leia o texto a seguir.

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Disponível em: https://www.culturagenial.com/eu-sei-mas-nao-devia-marina-colasanti/. Acesso em: 31 de mar. de 2023.

Em “A ir ao cinema e engolir publicidade” (7º parágrafo), a palavra destacada - engolir - tem o sentido de
A) ver. B) ler. C) comer. D) absorver. E) tragar

4- Leia o texto a seguir.


Helga parece estar

A) tranquila. B) medrosa. C) se divertindo. D) raivosa. E) surpresa.

5- Leia o texto a seguir.

Mapa mental: como fazer e para que serve essa técnica? (Mariane Roccelo)

Mapa mental é uma técnica de organização e memorização de pensamentos lógicos e ideias que foi
difundida pelo psicólogo inglês Tony Buzan.

O termo mapa mental foi apresentado pela primeira vez por Buzan durante um capítulo da série Use Your Head, da BBC TV, em 1974 . No programa, o psicólogo explicou como funciona o modelo de sequenciamento de ideias em árvore radial, que atualmente é o mais utilizado em todo o mundo.

A técnica consiste em expandir palavras-chave relacionadas ao tema do centro para as laterais da página. O programa foi ao ar no mesmo período em que o psicólogo lançava o livro The Mind Map Book: How to Use Radiant Thinking to Maximize Your Brain’s Untapped Potential.

O mapa mental criado por Buzan foi um sucesso entre estudantes de todo o mundo, e por isso o modelo
criado é utilizado até hoje. Atualmente, há vários aplicativos que permitem montar um mapa mental online, além do modelo tradicional feito em papel. Neste texto, vamos mostrar o que você precisa saber para entender como funciona essa técnica e o passo a passo para criar seu mapa mental.

Como fazer um mapa mental simples

Seja no mapa mental online ou no papel, a estrutura da técnica permanece a mesma. Aqui, no Estudar Fora, aconselhamos a utilizar papel e canetas coloridas para fazer o mapa mental, sempre que possível. Vários estudos mostram que fazer anotações à mão é mais eficaz para a memorização de conteúdos.

1. Defina o tema principal

O título do mapa mental deve ser escrito em letras grandes no meio do papel. Na hora de escrevê-lo, leve em consideração: sobre o que será o mapa mental? Qual é seu objetivo ao montá-lo? Para exemplificar, montamos um mapa mental bem simples sobre como cozinhar arroz branco tradicional. Com ele, queremos mostrar como praticamente qualquer coisa pode ser memorizada através dele.


2. Elenque os subtópicos principais

Quais os pontos mais importantes do seu tema? O que não pode ser esquecido? Levante quais são esses
pontos e resuma cada um em uma ou poucas palavras. Escreva cada subtópico nas laterais do papel com uma cor diferente e puxe uma seta do título apontando para eles. As cores auxiliam a memória a reter os grupos de informações que estão relacionadas através das mesmas cores. Na hora de escrever, use uma letra menor que a letra do título para exemplificar a hierarquia de cada assunto.


3. Escreva os tópicos relacionados à cada subtópico

Anote as informações relacionadas à cada subtópico utilizando outros subtópicos com palavras-chave, como na etapa anterior. Siga as cores utilizadas nos subtópicos principais, escreva letras menores e puxe setas a partir do subtópico relacionado. Não há limite para quantidade de palavras puxadas nem de subtópicos de subtópicos.


Disponível em: https://www.estudarfora.org.br/mapa-mental/. Acesso em: 10 de mar. de 2023. Adaptado

O assunto central desse texto é

A) a elaboração de mapas mentais.
B) a apresentação do livro do psicólogo inglês Tony Buzan.
C) o ensinamento de como fazer arroz.
D) o sucesso da técnica de mapas mentais entre os estudantes.
E) a história de vida do psicólogo Tony Buzan.

6- 

Há um fato em:

A) “A adolescência é uma época em que a gente acha que sabe tudo”.
B) “E qual foi a época que o senhor mais gostou, vovô?”.
C) “Como é saber que está chegando ao fim da vida?”.
D) “Já pegou bastante sol, vai acabar torrando”.
E) “Ser criança é maravilhoso”.

7- Leia o texto a seguir: 


A curiosa etimologia de ‘cucuia’

‘Beleléu’ é uma palavra brasileiríssima; engraçadinha, soa tão familiar. O redobro da sílaba LE e o ditongo ÉU no final a deixam super gostosa de se falar. Poxa, mas como pode uma palavra tão bacana de se pronunciar só existir em duas locuções fúnebres. ‘Ir para o beleléu’ é perder a vida; ‘mandar para o beleléu’ é tirar a vida. Eita!

O chato do ‘beleléu’ é que não conhecemos sua etimologia. Qual a origem? Nenhum dicionário ou
etimólogo chegou perto de descobrir. Nos livros, só consta “origem obscura”. Sem registro de seus primeiros usos, sua etimologia foi para as cucuias.

Felizmente, esse não é o caso da parceira funerária de ‘beleléu’, a ‘cucuia’. ‘Ir para o beleléu’ é o mesmo que ‘ir para a cucuia’ ou ‘para as cucuias’. A diferença é que cucuia possui etimologia conhecida – ufa! A história de sua origem se passa na ilha do Governador, a maior ilha da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Quando os portugueses ali chegaram, em 1502, a ilha era habitada pelos indígenas temiminós, um
subgrupo dos tupis. [Detalhe curioso: a ilha era chamada de Paranapuã, que em tupi significa ‘colina do mar’(‘paraná’: mar; ‘apuã’: colina). Em 1567, o governador-geral do Estado do Brasil, Mem de Sá, doou grande parte do território da ilha ao seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, que veio a se tornar governador do Rio de Janeiro. Aquela, então, passou a ser a ilha do Governador.]

Os temiminós viviam em pé de guerra com os tupinambás, um conflito que os portugueses souberam aproveitar para conquistar a região da Guanabara. Por fim, os temiminós acabaram expulsos da ilha deixando para trás um típico cemitério indígena, onde se encontravam várias urnas funerárias.

Eram grandes vasos de cerâmica (como o que aparece na imagem desta postagem) em que os indígenas
enterravam muitos de seus mortos. É uma tradição encontrada na história de vários povos originários do Norte ao Sul do Brasil. Ali, não foi diferente.

Pelos temiminós, aquelas urnas eram chamadas de ‘kakuya’, antiga palavra tupi criada da união de ‘ká’
(casco) e ‘kuya’ (cuia, vasilha). Os temiminós foram embora; os tupinambás que ocuparam a ilha posteriormente também sumiram, deixando para trás suas cacuias.

Com a ocupação portuguesa da ilha, cuja produção de cana-de-açúcar foi levada até o século XVIII, os
defuntos eram enterrados segundo a tradição católica, em terrenos ao redor das igrejas (e os com mais dinheiro, dentro das igrejas), mas a região das cacuias continuava lá, intacta.

Quando Brasil se tornou República, em 1889, a nova Constituição (1891) tratou de separar mais a Igreja
do Estado e isso implicou mudanças até nos cemitérios. Deu que, em 1904, foi criado o primeiro cemitério na ilha desvinculado da área das igrejas. Por causa do lugar, o nome ficou Cemitério da Cacuia.

Cemitério longe das igrejas? Creideuspai! Com o tempo, o cemitério ficou famoso, a tal ponto que a expressão ‘ir para a Cacuia’ caiu na boca do povo do Rio de Janeiro e ganhou o Brasil. Mais um tempinho depois, ninguém mais sabia que a expressão estava relacionada a um cemitério em particular. Na boca do povo, ‘cacuia’ foi modificada para ‘cucuia’, indo até para o plural, ‘cucuias’. Mais uma vez, um redobro de sílaba fez com que a grafia ‘cucuia’ ficasse mais famosa. Por fim, ‘ir para a Cacuia’ caiu em desuso, foi para o beleléu.

Referências: ‘Denominações indígenas na toponímia carioca’, por J. Romão da Silva (1965); e ‘Instagrampos’, por Carlos Fonseca (2018). Imagem: urna funerária indígena, do Museu do Homem do Nordeste, em Bom Jardim/PE; foto de Larissa Queiroz e Marília Bivar (jul. 2019). Sugestão: Henrique Costa.

Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid= 722697102812289 & set=a.600789371669730 . Acesso: 27 de fev. de 2023.

A informação principal do texto é apresentar

A) a etimologia da palavra beleléu.
B) o mesmo significado de beleléu e cucuias.
C) a etimologia da palavra cucuias.
D) o cemitério indígena das cucuias.
E) o conflito entre portugueses e indígenas.

8- Leia o texto a seguir.
  
Mila (Carlos Heitor Cony)

Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou. Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento? Amá-la foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em  meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu ``fumos fidalgos", como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários. No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim. Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela. Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

Carlos Heitor Cony. Disponível em: https://www.pensador.com/cronicas_curtas/ . Acesso em: 29 de mar. de 2023.

No texto acima predomina a sequência discursiva

A) explicativa. B) narrativa. C) injuntiva. D) dialogal. E) argumentativa

9- Leia o texto abaixo.


Miguel Paiva. O Estado de São Paulo. 05.10.88.

Nessa charge, a intenção do autor é fazer

A) uma crítica ao cumprimento dos direitos humanos.
B) uma afirmação de que tudo vai bem.
C) um elogio à política social.
D) um pedido de ajuda

10- Leia o texto a seguir.

Na minha cozinha, estão penduradas quatro fotografias de um grafite que vi pela primeira vez num canteiro de obras, anos atrás, enquanto caminhava para dar aula na Universidade Yale. A frase — “a busca pelo amor continua, mesmo diante das improbabilidades” — estava pintada em cores vivas. Naquela época, recém-separada de um companheiro depois de quase quinze anos juntos, eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de dor carregava meu coração e minha alma. Dominada pela sensação de ser arrastada para debaixo d’água, de me afogar, procurava constantemente âncoras que me mantivessem na superfície, que me puxassem em segurança de volta para a margem. A frase nos tapumes da construção, junto a desenhos infantis de animais não identificáveis, sempre animava meu espírito. Toda vez que eu passava pelo canteiro de obras, a afirmação da possibilidade do amor se espalhando pelo quarteirão me dava esperança. 

Assinada com o primeiro nome de um artista local, a pintura falou ao meu coração. Ao ler aquelas palavras, eu tinha certeza de que o artista estava passando por uma crise em sua vida, de que já tinha confrontado a perda ou estava diante de sua possibilidade. Na minha cabeça, mantinha conversas imaginárias com ele a respeito do significado do amor. Eu lhe contava que seu grafite divertido havia me ancorado e me ajudado a restaurar a fé no amor. 

Falava sobre como a promessa de um amor esperando para ser encontrado, um amor pelo qual eu ainda podia esperar, me erguia do abismo em que tinha caído. Meu luto era uma tristeza pesada e desesperadora, causada pela separação de um companheiro de muito anos, mas, o que é mais importante, era um desespero enraizado no medo de que o amor não existisse, de que não pudesse ser encontrado. Ainda que ele estivesse à espreita por aí, talvez jamais o conhecesse em minha vida. Havia se tornado difícil, para mim, continuar acreditando na promessa do amor quando, para qualquer lugar que eu olhasse, o encantamento do poder ou o terror do medo ofuscavam o desejo de amar. Um dia, a caminho do trabalho, ansiosa pela meditação diária provocada pela visão do grafite, fiquei chocada ao ver que a construtora havia coberto a pintura com uma tinta branca muito brilhante, sob a qual era possível ver os traços esmaecidos da arte original. Chateada com o fato de que aquilo que tinha se tornado um ritual de afirmação da graça do amor já não estava mais lá para me acolher, contei para todo mundo sobre a minha decepção. (...) 

Depois de muito procurar, localizei o artista e conversei com ele pessoalmente sobre o significado do amor. Falamos sobre a forma como a arte pública pode ser um veículo para compartilhar pensamentos de afirmação da vida. E nós dois expressamos nosso pesar e nossa contrariedade com o fato de a construtora ter coberto insensivelmente uma mensagem de amor tão poderosa. Para que eu me lembrasse dos muros, ele me deu fotografias do grafite. Desde que nos conhecemos, em todos os lugares onde morei, mantive as fotos sobre a pia da cozinha. Todos os dias, quando bebo água ou pego um prato no armário, paro diante desse lembrete de que todos ansiamos por amor — todos o buscamos —, mesmo quando não temos esperança de que ele possa ser de fato encontrado.

HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

O objetivo predominante desse texto é

A) entrevistar um artista de rua.
B) argumentar a favor da arte de rua.
C) relatar sobre o fim do relacionamento da narradora.
D) narrar uma situação que aconteceu com o narrador.
E) instruir as pessoas a terem fotografias de arte de rua em suas residências.

11- Leia o texto a seguir.

Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo, pois ele não sabia nadar muito bem. A rã, que estava ali ociosa, ofereceu-se para ajudá-lo. O rato, embora soubesse nadar um pouco, ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda. A rã, ardilosa, disse que o rato prendesse uma perna a sua e assim ela o ajudaria a atravessar. O rato concordou e, encontrando um pedaço de fio, prendeu uma das suas pernas à rã. Mas, mal entraram no rio, a rã mergulhou, tentando afogar seu ingênuo companheiro. O rato, por sua vez, debatia-se com a rã para se manter à superfície e, antes que afundasse, foi visto por uma águia que sobrevoava a lagoa. A ave baixou sobre o rato e levou-o nas garras arrastando também a rã e, ainda no ar, comeu os dois animais.

ESOPO. As fábulas de Esopo. (Texto Adaptado).
Tradução direta do grego, prefácio, introdução e notas de Manuel Aveleza de Sousa. Rio de Janeiro: Thex, 2002.

Qual ação indica a ingenuidade do rato?

A) “A ave [...] levou-o nas garras arrastando também a rã”.
B) “Um rato desejava atravessar um rio, mas tinha medo”.
C) “O rato, [...] ficou desconfiado, mas acabou aceitando a ajuda”.
D) “A rã [...] ofereceu-se para ajudá-lo”.
E) “O rato [...] debatia-se com a rã para se manter à superfície”.

12- Leia o texto a seguir.

A Foto (Luís Fernando Veríssimo)

Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar
uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez.

A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados
pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? – Tira você mesmo, ué. – Ah, é? E eu não saio na foto?

O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia. – Tiro eu - disse o marido da Bitinha. – Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar", dizia sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher.

A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: – Acho que quem deve tirar é o Dudu... O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas a Andradina segurou o filho. – Só faltava essa, o Dudu não sair.

E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.

– Revezamento - sugeriu alguém. – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece, e... A ideia foi
sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão. – Dá aqui. – Mas seu Domício... – Vai pra lá e fica quieto. – Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.

Disponível em: https://www.culturagenial.com/cronicas-engracadas-de-luis-fernando-verissimo-comentadas/. Acesso em: 28 de fev. de 2023.

O clímax do texto está presente no trecho:

A) “E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir” (6º parágrafo).
B) “Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez” (1º parágrafo).
C) “Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão” (6º parágrafo).
D) “E agora? – Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer! O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele” (5º parágrafo).
E) “– Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido! – Eu fico implícito - disse o velho, já com o olho no visor” (6º parágrafo).

13- Leia os textos a seguir.

Texto I

Empresa de Cotia apaga arte indígena e coloca outdoor proibido pela Lei Cidade Limpa

Dois anos. Esse foi o tempo que durou um grafite feito pela artista indígena Tamikuã Txihi em um edifício na rua Dez de Janeiro, em Cotia. Isso porque, a Godoi Construtora pintou a lateral do prédio com tinta amarela para colocar um outdoor de divulgação de um novo condomínio que a empresa está construindo. O desenho apagado pela construtora representava, nas palavras da artista, “a resistência dos povos originários e o resgate histórico da cidade”. Para Tamikuã, a arte, que retratava uma mulher indígena em conexão com a natureza, buscava a conscientização das pessoas sobre o momento atual e também denunciava a extinção da natureza e dos animais. No entanto, há mais de uma semana, o colorido que tomava conta da parede do edifício, deu lugar a um amarelo revestido de propaganda irregular. A empresa Godoi, além de ter apagado a arte, ainda afrontou a Lei Cidade Limpa, instituída em Cotia desde 2009. E, por este motivo, foi notificada pela Secretaria de Indústria, Comércio e Empreendedorismo de Cotia. Em nota enviada nesta quinta-feira (16) ao Cotia e Cia, a secretaria disse que notificou o responsável pela publicidade irregular nesta quarta (15) e estabeleceu um prazo de 24 horas para que a propaganda seja retirada. A notificação foi enviada ontem, no entanto, a irregularidade cometida pela empresa já dura mais de uma semana. Cotia e Cia procurou a Godoi Construtora, que é proprietária do Open Mall The Square, na Granja Viana, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.

Disponível em: https://www.cotiaecia.com.br/2023/02/empresa-de-cotia-apaga-arte-indigena-e.html. Acesso em: 31 de mar. de 2022.

Texto II

Construtora investe em arte urbana aplicada em muro para destacar empreendimento imobiliário em Floripa

Capital dos catarinenses vem investindo neste movimento já tem um tempo, com várias obras por todo o centro
A Rua Urbano Salles, no Centro de Florianópolis, recebeu uma obra de arte carregada de expressionismo, característica base dos artistas Bela Teixeira e Cazão, convidados do Grupo Lumis para prestigiar o centro com essa novidade. A arte faz parte das ações de marketing para divulgar o Urban, empreendimento em construção em frente ao muro. A obra, aplicada em 12 metros, que é a extensão total do muro, expressa o conceito do projeto urbanístico, cujo objetivo é gerar movimento e praticidade aos futuros moradores. A arte urbana é encontrada em vários lugares públicos das cidades, mundo afora. Florianópolis, por exemplo, vem investindo neste movimento já tem um tempo, com várias obras por todo o centro. Não é a primeira vez que o Grupo Lumis faz esse tipo de aposta. O prédio Black Office, no coração do bairro Estreito, tem um paredão enorme assinado por Thiago Valdi e o loteamento Bremen, em Antônio Carlos, inaugurou recentemente um painel assinado por Marcelo Barnero.

Disponível em: https://acontecendoaqui.com.br/marketing/construtora-investe-em-arte-urbana-aplicada-em-muro-para-destacar-empreendimento-imobiliario-em-floripa/. Acesso em 31 de mar. de 2023.

Sobre a arte de rua, os dois textos possuem ideias

A) iguais. B) opostas. C) complementares. D) dependentes. E) semelhantes.

14- Leia os textos a seguir.

Texto I

Quando criança eu ODIAVA ler. Livros de escola me davam sono e eu nunca conseguia prender a atenção. Aos 14 anos vi uma amiga lendo A Pedra Filosofal. Ela perguntou se eu queria emprestado, fiz a simpática e aceitei. Lembro de ler a primeira página achando q seria um porre e de repente estava presa. Harry Potter e a Pedra Filosofal acabou sendo o primeiro livro q li inteiro, q fez eu me apaixonar por leitura, q me fez conhecer um mundo mágico de fantasias. Depois disso nunca mais parei. E só tenho a agradecer a J. K. por isso.

Disponível em: https://www.bumbook.com.br/top/como-harry-potter-mudou-a-minha-vida/. Acesso em 06 de jun. de 2021.

Texto II

Quando vi Harry Potter pela primeira vez, eu ainda era só uma criança. Eu cresci junto com eles, e de certa forma, vivi cada uma das aventuras. Já tentei fazer feitiços com pedaços de madeira, já tive medo de dementadores, já achei que o gato da vizinha era animago, já dormi acreditando que no meio da noite, um gigante invadiria minha casa, e me diria que pertenço ao universo bruxo. Eu já ri, já chorei, já gritei, vibrei, esperei ansiosamente… Hoje, fazem dois anos que chegou o fim de uma era. Mas eu não quero acreditar que chegou ao fim, porque dentro de mim, isso nunca vai acabar. Eu sei, para muitos, isso é apenas uma história. Mas para mim, é muito mais do que isso. Harry Potter me tirou do mundo trouxa por dias. Foi meu consolo, minha alegria, meu refúgio. Me deu amigos. Me mostrou que a magia pode ser encontrada nos detalhes mais simples. Me ensinou que são as suas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos. Me ensinou que o mundo não se divide entre o bem e o mal; J. K. Rowling foi minha infância. Ela me mostrou que com mágica, tudo pode ser melhor. Harry Potter está mais presente em minha vida do que se pode imaginar. E sempre estará, Uma vez potterhead, sempre potterhead. Obrigada J. K., por me fazer acreditar na magia, mesmo vivendo nesse mundo louco de trouxas. Obrigada por cada um de vocês, que fizeram parte do elenco, e nos mostraram com tanta paixão um pouco deste mundo. Obrigada ao fandom, por ter continuado com esse amor louco até aqui. Obrigada a você, que leu esse texto até aqui. E obrigada ao bruxinho Potter. Não, espera. O senhor se enganou. Sabe, eu não posso ser um, um bruxo. Eu, sou o Harry, só Harry. 

Érika. (via potter-facts) Por Marilia Neustein. 

Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun.de 2021.

Os Textos I e II

A) comentam sobre livros diferentes.
B) tentam convencer o leitor a ler Harry Potter.
C) contam sobre como começaram a gostar da leitura.
D) usam a linguagem formal para narrar os fatos.
E) tratam sobre a relação dos autores com a leitura.

15- Leia os textos a seguir.

Texto I

Um dos primeiros registros que levam à criação do Horário de Verão é de 1784, quando Benjamin Franklin, nos Estados Unidos, notou que em certos meses do ano o sol nascia antes da média de horário em que as pessoas acordavam. Com isso, ele espalhou — sem sucesso — a ideia de que todos poderiam acordar mais cedo para desfrutar da luz do dia por um período maior. Depois disso, o método foi adotado em vários países do mundo durante momentos específicos — como pelos países europeus ao longo da Primeira Guerra Mundial. Aqui no Brasil, o horário de verão foi adotado pela primeira vez, em 1931, pelo então presidente Getúlio Vargas por meio de decreto em todo território nacional. No entanto, não foi constante, e acabou sendo revogada e adotada novamente anos seguintes. A mudança do horário, em uma hora, passou a ser ininterrupta a partir de 1985. Mas foi só em 2008 que foi regulamentada por decreto-lei. Por levar a população a voltar uma hora no relógio para alinhar o início do dia com o período solar, o horário de verão é um recurso que ajudava na redução do consumo de energia, especialmente por volta das 18h até 21h, quando costuma ocorrer um pico de consumo de energia. Porém, desde o início de 2019, foi revogado o Horário Brasileiro de Verão. A decisão de manter o recurso inativo pelo segundo ano consecutivo se deu após estudos realizados pelo Ministério de Minas e Energia que demonstraram a baixa efetividade dessa ação.

Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2021/01/14/horario-de-verao-deixou-saudades-ou-foi-emboratarde.htm?cmpid=copiaecola. Acesso: 30 de jun. de 2021. (ADAPTADO).

Texto II

Horário de verão, seu lindo Nem me venha com chororô. Com cara de bode, reclamações. Horário de verão é vida. Anuncia o que vem de bom por aí: vestido rodado e rasteirinha. É hora de guardar o casaco no armário, deixar de lado as peças pretas, o ar elegante de Europa. A hora é de tropicalismo. Ele chegou, com a sua horinha a mais, fazendo as pessoas darem aquela arrastada no dia. Sei que esse é um assunto de dividir opiniões, mas vou defender aqui essa opção de vida. (...) Ora, somos um país tropical. Essa é a nossa temperatura, o nosso horário. O dia dura mais, a noite cai devagar. (...)
Dizem que ele (o horário de verão) foi feito para economia de energia. Mas, para mim, ele é o contrário: nada econômico. É o esbanjar da alegria, faz o sol brilhar mais forte e por mais tempo. Dizem, também, que ele pode fazer mal para o coração, mas eu não acredito. Ele é dourado, é pele quentinha depois de um dia de praia. Não dá pra viver assim para sempre e por isso gosto também que ele seja temporário. E também não é unânime: deixa algumas pessoas felizes e outras frustradas, assim como a vida. Por isso eu digo para ele: bem-vindo, amigo. Por Marilia Neustein. 

Disponível em: https://www.osul.com.br/o-fim-do-horario-de-verao-divide-opinioes-nas-redes-sociais/. Acesso em: 30 de jun. de 2021.

Sobre os Textos I e II é correto afirmar que

A) os dois trazem informações impessoais sobre o horário de verão.
B) o Texto I traz informações impessoais, enquanto o Texto II, pessoais.
C) o Texto I traz informações pessoais, enquanto o Texto II, impessoais.
D) o Texto I traz uma opinião sobre o horário de verão, enquanto que o Texto II informa sem tomar posição.
E) os Textos I e II são literários, marcados pela pessoalidade e sensibilidade de seus autores.

16- Leia os textos a seguir.

Texto I

Como é calculada a felicidade de um país?

O Relatório Mundial da Felicidade coleta dados em mais de 150 países – em 2021 foram 156 países – e cada variável possui uma pontuação média ponderada através de entrevistas com a população, em uma escala de 0 a 10. Essa pontuação é monitorada e comparada com a de outros países.
Na pesquisa atual, as variáveis medidas são: PIB per capita real, assistência social, expectativa de vida saudável, liberdade para fazer escolhas, generosidade e percepções de corrupção. As pesquisas são feitas por especialistas independentes, e coletadas pela Gallup World Poll. E o relatório é financiado pela ONU. De acordo com Jeffrey Sachs, um dos coautores do relatório, existem dois fatores essenciais para a felicidade de um país: “A lição obtida do relatório, nestes dez anos, é que a generosidade entre as pessoas e a honestidade dos governos são cruciais para o bem-estar”.

Em que posição está o Brasil no ranking de felicidade?

No ranking da felicidade de 2022 o Brasil está na 39ª posição, sendo o país latino-americano mais bem colocado norelatório. Em relação ao ano passado, o Brasil subiu duas posições, sendo que estava em 41º.

Disponível em: https://www.eurodicas.com.br/pais-mais-feliz-do-mundo/. Acesso em: 03 de abr. de 2023..

Texto II

Haverá um dia em que você
não haverá de ser feliz
Sentirá o ar sem se mexer
Sem desejar como antes sempre quis
Você vai rir, sem perceber
Felicidade é só questão de ser
Quando chover, deixar molhar
Pra receber o Sol quando voltar
Lembrará os dias
Que você deixou passar sem ver a luz
Se chorar, chorar é vão
Porque os dias vão para nunca mais
Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o Sol brilha para você
Chorar, sorrir também e depois dançar
Na chuva quando a chuva vem
Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o Sol brilha para você
Chorar, sorrir também e dançar
Dançar na chuva quando a chuva vem
Tem vez que as coisas pesam mais
Do que a gente acha que pode aguentar
Nesta hora fique firme
Pois tudo isso logo vai passar
Você vai rir, sem perceber
Felicidade é só questão de ser
Quando chover, deixar molhar
Pra receber o Sol quando voltar
Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o Sol brilha para você
Chorar, sorrir também e depois dançar
Na chuva quando a chuva vem
Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o Sol brilha para você
Chorar, sorrir também e dançar
Dançar na chuva quando a chuva vem
Dançar na chuva quando a chuva vem
Dançar na chuva quando a chuva
Dançar na chuva quando a chuva vem

Disponível em: https://www.letras.mus.br/marcelo-jeneci/1524699/. Acesso em: 03 de abr. de 2023.

Podemos afirmar que

A) os textos apresentam fatos e dados em uma linguagem informal.
B) os textos apresentam a felicidade a partir de uma linguagem poética.
C) o texto I apresenta linguagem informal e o texto II uma linguagem formal.
D) o texto I apresenta uma linguagem formal e o texto II uma linguagem poética.
E) o texto I apresenta rimas e musicalidade e o texto II uma linguagem formal.

17- Leia o texto.

HISTÓRIA DO CALENDÁRIO

Conheça a história do calendário gregoriano, que vigora atualmente na maior parte do mundo Você já deve ter se perguntado sobre a origem do calendário que utilizamos no mundo ocidental. Dessa forma, qual seria realmente sua origem? Como ele era calculado? Abaixo segue uma pequena história do calendário gregoriano, que é utilizado hoje em dia na maior parte do mundo.
O calendário gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. Antes de Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.), o calendário que vigorava em Roma era dividido em 355 dias e 12 meses, o que causava um grande desajustamento ao longo do tempo, pois as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes. Quando se tornou ditador da República romana, Júlio César resolveu reformar o calendário para adequá-lo novamente ao tempo natural.
Para isso, foi necessário criar, em 46 a.C., um ano com 15 meses e 455 dias para compensar a defasagem, este ano ficou conhecido como o “ano da confusão”. A reforma de Júlio César instituiu o ano depois de 45 a.C. com 365 dias e seis horas, divididos em 12 meses, o que conseguiu resolver o problema durante um tempo. As seis horas que sobravam de cada ano seriam compensadas a cada quatro anos com a inclusão de mais um dia em fevereiro, os dias bissextos.
No entanto, ainda persistiu a defasagem entre o ano do calendário e o ano natural, sendo que durante a
Idade Média foram várias as tentativas de resolvê-la. O Concílio de Trento, realizado em 1545, decidiu pelas alterações no calendário da Igreja, cabendo a Gregório XIII instituir o novo calendário, que passaria a se chamar calendário gregoriano em sua homenagem. Para adequar a data da Páscoa com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte, o papa Gregório XIII ordenou que o dia seguinte a 4 de outubro de 1582 passasse a ser o dia 15 de outubro. Um salto de 11 dias! Para diminuir a defasagem, os dias bissextos não ocorreriam nos anos centenários (terminados em 00), a não ser que fossem divisíveis de forma exata por 400.
A maior parte do mundo católico aceitou a mudança, mas foram vários os países que rejeitaram a alteração, fazendo com que mais de um calendário existisse no mundo cristão. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926.

Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/historia/historia-do-calendario.htm#:~:text=O%20calend%C3%A1rio%20gregoriano%20surgiu%20em,Terra%20em%20torno%20do%20Sol.. Acesso em: 30 de mar. de 2023

Em “(...) foram várias as tentativas de resolvê-la” (4º parágrafo), a palavra destacada “-la” refere-se a

A) origem. B) inclusão. C) defasagem. D) virtude. E) modificação.

18- Leia o texto a seguir.

Afetos são ligações. Mas não é qualquer tipo de ligação. Afeto é uma ligação carinhosa. Um tipo de conexão com a possibilidade de expressão de sentimentos. Se pensar bem, construímos nossas vidas em torno dessas conexões porque elas literalmente nos afetam. Essas ligações nos movem, nos impelem a dar nome, a manifestar o que sentimos por dentro. Percebe, os afetos são magnéticos. É liga: razão pela qual nos unimos.

A vida comunitária, ou as formas de compartilhamento de vida são simbolizações dos nossos afetos. Criamos instintivamente situações que nos acomodem emocionalmente, que apaziguem nossas angústias, e amenizem nossos medos. Expandimos nossos escudos nos cercando de pessoas (ou afetos) e de símbolos (estrategicamente encharcados de sentidos, como o dinheiro, títulos, o conhecimento, etc).

Essa construção simbólica existe principalmente para aplacar um dos afetos primários, que é exatamente o medo. Medo de sofrer, de ficar só, de ser abandonado… então o papel do outro é também o de anteparo para nosso “eu” (que deseja se sentir protegido, seguro, resguardado, amparado).

Mas estes mesmos afetos, pessoas ou símbolos que a princípio nos protegeriam, podem ser os mesmos
que nos causam dor. 

É justamente pelo grau da força de conexão que o medo de perder o elo com o outro se torna traumático. E a mera sensação de que essa ligação pode se romper muitas vezes causa pânico, sensação de morte mesmo. Devastação.

Disponível em: https://www.agazeta.com.br/colunas/maria-sanz/cronica-vamos-falar-de-afeto-0122. Acesso em: 03 de abr. de 2023.

A tese do texto é

A) “Afeto é uma ligação carinhosa. Um tipo de conexão com a possibilidade de expressão de sentimentos” (1º parágrafo).
B) “Essas ligações nos movem, nos impelem a dar nome, a manifestar o que sentimos por dentro” (1º parágrafo).
C) “A vida comunitária, ou as formas de compartilhamento de vida são simbolizações dos nossos afetos” (2º parágrafo).
D) “Mas estes mesmos afetos, pessoas ou símbolos que a princípio nos protegeriam, podem ser os mesmos que nos causam dor” (4º parágrafo).
E) “É justamente pelo grau da força de conexão que o medo de perder o elo com o outro se torna traumático” (5º parágrafo).

19- Leia o texto a seguir.

A construção da Felicidade

Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade. Essa palavrinha muitas vezes nos confunde mesmo. Seremos felizes quando encontrarmos o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando o amor da nossa vida? Ou quem sabe quando tivermos o emprego dos sonhos? Ou quando ganharmos dinheiro suficiente para não mais precisar trabalhar? Ou quando esclarecermos qual é o nosso propósito? Seria a felicidade um lugar ao qual chegaremos e lá estacionarem nossa vida para sempre?

Com o advento das redes sociais em que projetamos vidas perfeitamente editadas, a felicidade até parece estar mesmo nesses inesgotáveis desejos exteriores, que só nos geram emoções aflitivas e que certamente têm grande colaboração para o estado geral de ansiedade que vivenciamos hoje em dia.

Mas, afinal, onde encontrar essa tal felicidade? De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida. “Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta.”, escreveu o monge budista Matthieu Ricard, no seu livro Felicidade: a prática do bem-estar, de 2015 (Editora Palas Athena).

Não nos tornamos felizes do dia para a noite, mas graças a um trabalho paciente, construído dia após dia, com ou sem ajuda. As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo. Mas vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade.

É preciso muita vontade, disposição e resiliência, pois se trata de uma jornada que não tem um tempo definido para acontecer. O fato é que, sem paz interior e sabedoria, não temos nada do que realmente é necessário para sermos felizes. E é muito fácil desperdiçar nossa vida sem notar essa verdade, correndo para todo lado sem chegar a algum lugar em busca de algo que se encontram, veja só, no interior de cada um. Governos, empresas e profissionais podem nos auxiliar, mas para que a felicidade nos encontre é preciso, antes de mais nada, começar a construí-la dentro da gente.

Luciana Pianaro. Revista Vida Simples. n. 243. 2022

O argumento de autoridade presente no texto é

A) “As empresas e alguns governos já perceberam que felicidade e bem-estar impactam na produtividade e prosperidade de um povo. É conhecido que o Butão é o povo mais feliz do mundo” (4º parágrafo).
B) "Alcançar a felicidade como modo de ser é uma habilidade que se adquire com o tempo e que requer um esforço contínuo para se desenvolver qualidades como paz interior, atenção plena e amor altruísta” (3º parágrafo).
C) “De tudo que já li, ouvi e principalmente, vivi, entendo que felicidade é a capacidade de sentir uma realização interior, um estado de plenitude e bem estar duradouro, que perdura mesmo com os altos e baixos da vida” (3º parágrafo).
D) “Desde sempre, filósofos, estudiosos, psicólogos, cientistas, religiosos tentam desvendar os mistérios que há por detrás da felicidade" (1º parágrafo).
E) “Vemos recentemente países como os Emirados Árabes criando o Ministério da Felicidade e a Finlândia promovendo a Economia do Bem estar e da Felicidade” (4º parágrafo).

20- Leia o texto a seguir. 

Perdoa (Raça Negra) 

Perdoa, por eu ter te escolhido 
Para ser pra sempre a minha companhia 
Perdoa por eu ter acreditado neste sonho todo dia 
Perdoa por eu ter te perdoado 
Na hora que devia te esquecer 
Perdoa por eu ter me preparado e me guardado pra você 
Eu te solto, eu não te prendo 
Eu te livro faz o que é preciso 
Eu não posso, eu não quero 
Te obrigar a me querer na tua vida 
Desenganos, vem, acontecem 
Desenganos vão, desaparecem 
Eu não posso, eu não vou forçar 
A barra pra você gostar de mim 
Quem sabe amanhã talvez, quem sabe 
O tempo coloca tudo no seu lugar 
Se vou te esperar ou não, quem sabe 
Aquilo que tem que ser será 
Eu te solto, eu não te prendo 
Eu te livro faz o que é preciso 
Eu não posso, eu não quero 
Te obrigar a me querer na tua vida 
Desenganos, vem, acontecem 
Desenganos vão, desaparecem 
Eu não posso, eu não vou forçar 
A barra pra você gostar de mim 
Quem sabe amanhã talvez, quem sabe 
O tempo coloca tudo no seu lugar 
Se vou te esperar ou não, quem sabe 
Aquilo que tem que ser será. 

Disponível em: https://www.letras.mus.br/raca-negra/116922/ . Acesso em: 15 de mar. de 2023. 

No trecho “Quem sabe amanhã talvez, quem sabe” a palavra destacada indica 

A) dúvida. B) afirmação. C) negação. D) modo. E) intensidade.

21- Leia o texto a seguir.

O que mais você quer?

Era uma festa familiar, dessas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia: "Olha pra essa menina. Sempre com essa cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"
(...)
Martha Medeiros

MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008. (Adaptado)

O trecho: “Tem emprego, marido, filho” dá ao texto um sentido de

A) fuga. B) rotina. C) sofrimento. D) medo. E) plenitude.

22- Leia o texto a seguir.

O que mais você quer?

Era uma festa familiar, dessas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia: "Olha pra essa menina. Sempre com essa cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"
(...)
Martha Medeiros

MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008. (Adaptado

No trecho: “(...) a cara era de enterro.” A palavra “enterro” foi empregada no sentido de que a menina

A) acabara de sepultar alguém de sua família.
B) está velando o corpo de alguém de sua família.
C) tem um temperamento carregado de tristeza.
D) não gosta de estar rodeada por familiares..
E) faz cara de deboche para sua família.

23- Leia o texto a seguir.


O uso do ponto de exclamação na sequência dos quadrinhos ditos por Helga, expressa

A) susto. B) medo. C) surpresa. D) ordem E) indignação.

24- Leia o texto a seguir.

Na minha cozinha, estão penduradas quatro fotografias de um grafite que vi pela primeira vez num canteiro de obras, anos atrás, enquanto caminhava para dar aula na Universidade Yale. A frase — “a busca pelo amor continua, mesmo diante das improbabilidades” — estava pintada em cores vivas. Naquela época, recém-separada de um companheiro depois de quase quinze anos juntos, eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de dor carregava meu coração e minha alma. Dominada pela sensação de ser arrastada para debaixo d’água, de me afogar, procurava constantemente âncoras que me mantivessem na superfície, que me puxassem em segurança de volta para a margem. A frase nos tapumes da construção, junto a desenhos infantis de animais não identificáveis, sempre animava meu espírito. Toda vez que eu passava pelo canteiro de obras, a afirmação da possibilidade do amor se espalhando pelo quarteirão me dava esperança.
Assinada com o primeiro nome de um artista local, a pintura falou ao meu coração. Ao ler aquelas palavras, eu tinha certeza de que o artista estava passando por uma crise em sua vida, de que já tinha confrontado a perda ou estava diante de sua possibilidade. Na minha cabeça, mantinha conversas imaginárias com ele a respeito do significado do amor. Eu lhe contava que seu grafite divertido havia me ancorado e me ajudado a restaurar a fé no amor.
Falava sobre como a promessa de um amor esperando para ser encontrado, um amor pelo qual eu ainda podia esperar, me erguia do abismo em que tinha caído. Meu luto era uma tristeza pesada e desesperadora, causada pela separação de um companheiro de muito anos, mas, o que é mais importante, era um desespero enraizado no medo de que o amor não existisse, de que não pudesse ser encontrado. Ainda que ele estivesse à espreita por aí, talvez jamais o conhecesse em minha vida. Havia se tornado difícil, para mim, continuar acreditando na promessa do amor quando, para qualquer lugar que eu olhasse, o encantamento do poder ou o terror do medo ofuscavam o desejo de amar. Um dia, a caminho do trabalho, ansiosa pela meditação diária provocada pela visão do grafite, fiquei chocada ao ver que a construtora havia coberto a pintura com uma tinta branca muito brilhante, sob a qual era possível ver os traços esmaecidos da arte original. Chateada com o fato de que aquilo que tinha se tornado um ritual de afirmação da graça do amor já não estava mais lá para me acolher, contei para todo mundo sobre a minha decepção. (...)
Depois de muito procurar, localizei o artista e conversei com ele pessoalmente sobre o significado do amor. Falamos sobre a forma como a arte pública pode ser um veículo para compartilhar pensamentos de afirmação da vida. E nós dois expressamos nosso pesar e nossa contrariedade com o fato de a construtora ter coberto insensivelmente uma mensagem de amor tão poderosa. Para que eu me lembrasse dos muros, ele me deu fotografias do grafite. Desde que nos conhecemos, em todos os lugares onde morei, mantive as fotos sobre a pia da cozinha. Todos os dias, quando bebo água ou pego um prato no armário, paro diante desse lembrete de que todos ansiamos por amor — todos o buscamos —, mesmo quando não temos esperança de que ele possa ser de fato encontrado.

HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

Em "eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de
dor carregava meu coração e minha alma.” o efeito de sentido da palavra “soterrada” é:

A) sentir-se empurrada para o mar.
B) sofrer um afogamento.
C) sentir dor emocional.
D) ser enterrada à beira mar.
E) sofrer um acidente no mar.

25- Leia o texto a seguir.

Carta aos tímidos

Como um tímido veterano, acho que já posso dar alguns conselhos às novas gerações de envergonhados, jovens que estão recém-descobrindo o martírio de ter de enfrentar este terror, os outros, e se lançando na grande aventura que é se impor, se fazer ouvir, ter amigos, namorar, procriar e, enfim, viver, quando o que preferia era ficar quieto em casa. Ou, de preferência, no útero.
Para começar, há algumas coisas que não funcionam. Tentei todas e não deram certo. Decorar frase, por
exemplo. Já fui com uma frase pronta para impressionar a menina e na hora saiu 'Teus marilus verdes são como dois olhos, lagoa'. Também resista à tentação de assumir um ar superior e dar a impressão de que você não é tímido, é misterioso. Eu sou do tempo em que a gente usava chaveiro com correntinha (além de tope e topete, tope de gravata enorme e topete duro de Gumex) e ficava girando a correntinha no dedo enquanto examinava as garotas na saída das matinês (eu sou do tempo das saídas de matinês). Um dia deu certo, a garota veio falar comigo, ou ver de perto o que mantinha o topete em pé, foi atingida pela hélice da correntinha e saiu furiosa. Melhor, porque eu não tinha nenhuma fala pronta que correspondesse à pose. Evite, é claro, as manobras calhordas. Como identificar alguém tão tímido quanto você no grupo e quando alguém, por sacanagem, lhe pedir um discurso, passar a palavra imediatamente para ele. O mínimo que um tímido espera de outro é solidariedade. E não há momento mais temido na vida de um tímido do que quando lhe passam a palavra. 
Tente se convencer de que você não é o alvo de todos os olhares e de todas as expectativas de vexame quando entra em qualquer recinto. No fundo, a timidez é uma forma extrema de vaidade, pois é a certeza de que, onde o tímido estiver, ele é o centro das atenções, o que torna quase inevitável que errará a cadeira e sentará no chão, ou no colo da anfitriã. Convença-se: o mundo não está só esperando para ver qual é a próxima que você vai aprontar. E mire-se no meu exemplo. Depois que aposentei a correntinha e (suspiro) perdi o topete, namorei, procriei, fiz amigos, vivi e hoje até faço palestras, ou coisas bem parecidas. Mesmo com o secreto e permanente desejo, é verdade, de estar quieto em casa.

Luis Fernando Verissimo.

Disponível em: https://www.pensador.com/autor/luis_fernando_verissimo/. Acesso em: 31 de mar. de 2023.
Disponível em: https://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo. Acesso em: 31 de mar. de 2023.

A frase que representa o humor no texto é:

A) “Já fui com uma frase pronta para impressionar a menina e na hora saiu 'Teus marilus verdes são como dois olhos, lagoa."' (2º parágrafo).
B) “Também resista à tentação de assumir um ar superior e dar a impressão de que você não é tímido, é
misterioso” (2º parágrafo).
C) “Como identificar alguém tão tímido quanto você no grupo e quando alguém, por sacanagem, lhe pedir um discurso, passar a palavra imediatamente para ele” (2º parágrafo).
D) “Tente se convencer de que você não é o alvo de todos os olhares e de todas as expectativas de vexame quando entra em qualquer recinto” (3º parágrafo).
E) “A timidez é uma forma extrema de vaidade, pois é a certeza de que, onde o tímido estiver, ele é o centro das atenções, o que torna quase inevitável que errará a cadeira e sentará no chão” (3º parágrafo).

26- Leia o texto a seguir.

Na minha cozinha, estão penduradas quatro fotografias de um grafite que vi pela primeira vez num canteiro de obras, anos atrás, enquanto caminhava para dar aula na Universidade Yale. A frase — “a busca pelo amor continua, mesmo diante das improbabilidades” — estava pintada em cores vivas. Naquela época, recém-separada de um companheiro depois de quase quinze anos juntos, eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar de dor carregava meu coração e minha alma. Dominada pela sensação de ser arrastada para debaixo d’água, de me afogar, procurava constantemente âncoras que me mantivessem na  superfície, que me puxassem em segurança de volta para a margem. A frase nos tapumes da construção, junto a desenhos infantis de animais não identificáveis, sempre animava meu espírito. Toda vez que eu passava pelo canteiro de obras, a afirmação da possibilidade do amor se espalhando pelo quarteirão me dava esperança. Assinada com o primeiro nome de um artista local, a pintura falou ao meu coração. Ao ler aquelas palavras, eu tinha certeza de que o artista estava passando por uma crise em sua vida, de que já tinha confrontado a perda ou estava diante de sua possibilidade. Na minha cabeça, mantinha conversas imaginárias com ele a respeito do significado do amor. Eu lhe contava que seu grafite divertido havia me ancorado e me ajudado a restaurar a fé no amor. Falava sobre como a promessa de um amor esperando para ser encontrado, um amor pelo qual eu ainda podia esperar, me erguia do abismo em que tinha caído. Meu luto era uma tristeza pesada e desesperadora, causada pela separação de um companheiro de muito anos, mas, o que é mais importante, era um desespero enraizado no medo de que o amor não existisse, de que não pudesse ser encontrado. Ainda que ele estivesse à espreita por aí, talvez jamais o conhecesse em minha vida. Havia se tornado difícil, para mim, continuar acreditando na promessa do amor quando, para qualquer lugar que eu olhasse, o encantamento do poder ou o terror do medo ofuscavam o desejo de amar. Um dia, a caminho do trabalho, ansiosa pela meditação diária provocada pela visão do grafite, fiquei chocada ao ver que a construtora havia coberto a pintura com uma tinta branca muito brilhante, sob a qual era possível ver os traços esmaecidos da arte original. Chateada com o fato de que aquilo que tinha se tornado um ritual de afirmação da graça do amor já não estava mais lá para me acolher, contei para todo mundo sobre a minha decepção. (...)
Depois de muito procurar, localizei o artista e conversei com ele pessoalmente sobre o significado do amor. Falamos sobre a forma como a arte pública pode ser um veículo para compartilhar pensamentos de afirmação da vida. E nós dois expressamos nosso pesar e nossa contrariedade com o fato de a construtora ter coberto insensivelmente uma mensagem de amor tão poderosa. Para que eu me lembrasse dos muros, ele me deu fotografias do grafite. Desde que nos conhecemos, em todos os lugares onde morei, mantive as fotos sobre a pia da cozinha. Todos os dias, quando bebo água ou pego um prato no armário, paro diante desse lembrete de que todos ansiamos por amor — todos o buscamos —, mesmo quando não temos esperança de que ele possa ser de fato encontrado.

HOOKS, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2020.

No trecho “eu era frequentemente soterrada por um luto tão profundo que parecia que um imenso mar
de dor carregava meu coração e minha alma.”, fica evidenciado o uso da linguagem

A) escolar. B) informal. C) científica. D) literária. E) jornalística.


GABARITO


1- E 
2- B 
3- D 
4- A 
5- A 
6- D
7- C
8- B
9- A 
10- D 
11- C 
12- C 
13- B 
14- E
15- B
16- D 
17- C 
18- A
19- B 
20- A 
21- E
22- C 
23- E
24- C 
25- A 
26- D

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